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  10:00

Superlotação, fugas, tentativas de fuga e mortes do sistema prisional do Piauí já viraram assunto rotineiro. Com o assassinato de Rafael Silva Bezerra, no último dia 5 de agosto, na Cada de Custódia, subiu para 26 o número de mortos em presídios do Piauí somente este ano. O mais recente caso aconteceu na quarta-feira (12/08), quando foi descoberto um túnel que serviria de fuga para detentos do Pavilhão B da penitenciária Irmão Guido.


Uma alternativa encontrada para desafogar o sistema prisional do estado foi a construção da Casa de Detenção de Campo Maior. O que era para ser uma solução virou um problema a parte. Localizada a poucos quilômetro da zona urbana do município, a obra se encontra  parada desde 2010. Ao invés de abrigar detentos, a Casa de Detenção abriga muito mato, ferrugem e animais que encontraram ali um bom pasto e calmaria para um bom repouso.


A nova unidade prisional tem capacidade para abrigar 140 detentos. O projeto inicial reserva ainda um módulo educacional e um módulo para visitas íntimas. “Além de melhorar o sistema carcerário, a nova unidade melhoraria a ressocialização dos internos por estarem mais próximos da família”, defende o promotor Cláudio Bastos. 


Retorno das discussões 
Em maio, uma audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores de Campo Maior retomou as discursões que envolvem o retorno das obras. A presença do Secretário de Justiça do Estado, Daniel Oliveira, deu uma esperança no fim do túnel para a continuidade da penitenciária. Após um acordo selado no Fórum do município, o governo do estado anunciou a retomada da obra. 


Desde o anúncio, em 10 de julho, já se passaram 34 dias. O Em Foco retornou ao local e mostra como anda a construção que pode recomeçar após cinco anos paralisada. 


Retomada a passos lentos
Após cinco minutos desde que deixou o bairro Fripisa, a reportagem do Em Foco avistou a Casa de Detenção. No caminhou cruzou com caminhões carregados de materiais de construção. O que pensávamos ser para o presídio, estava na verdade abastecendo uma fazenda particular da região. A cada metro de aproximação do presídio o acesso ficava mais difícil. 


O caminhou estreito e tomado pelo mato denunciava que não passava ninguém por ali há algum tempo. A suspeita foi confirmada por uma moradora da região. A dona de cada Conceição disse não ver ninguém trabalhando ali a anos. “Faz tempo que ninguém trabalha ai. Nem material de construção, nem trabalhadores nem nada”. 

 

 


A moradora com os olhos de quem não acredita mais na retomada das obras revelou. “Depois de muito tempo apareceu ontem um pessoal cavando um poço ai”. São três funcionários de uma empresa local que trabalham na construção de poço tubular. Como quem não ver gente no local nos últimos dias, um dos funcionários confundiu nossa reportagem com os responsáveis pela obra. 


“Não, não. Desde que estamos aqui não apareceu ninguém e nem chegou nenhum material”, declara um dos trabalhadores. “Se mandaram cavar o poço é porque deve começar de novo. Mas não apareceu ninguém”, disse um dos homens. De acordo com a Secretaria de Justiça, a obra será retomada tão logo seja feito o poço tubular.

 

O que já havia sido construído está entregue ao tempo. As celas que ficaram pela metade estão habitadas por abelhas que logo se incomodaram com nossa presença. A ferrugem toma de conta das ferragens expostas ao tempo, enquanto o mato e os animais mostram o descaso com o dinheiro aplicado na construção até então.

 

 


O jovem Bruno Oliveira, morador da região, parece ser mais um que perdeu as esperanças na conclusão da penitenciária.  “Tem um comentário que é para começar ai de novo. Mas não vejo material nem ninguém. Faz muito tempo que parou”, descreve Bruno. 


Dentro do prazo
Dos 45 dias pedidos pelo governo para que a obra fosse retomada já se foram 34. A passos lentos o cenário vai mudando. O maquinário que cava o poço deu uma imagem nova no meio da construção abandonada. Os 11 dias restantes é o tempo que a construtora possui para mudar de vez aquele cenário que se arrasta desde 2010. 

 


O Em Foco tentou contato com a construtora cearense Lira Coutinho, responsável pela obra, mas não teve resposta. Na primeira tentativa a ligação da reportagem foi transferida para outro setor da empresa. Uma suposta falha na ligação foi desculpa para o cancelamento da conversa. Na segunda tentativa não fomos atendidos. 


Lira Coutinho LTDA é a mesma construtora que iniciou a construção, mas a abandonou sob alegação de ter recebido do governo do Estado um valor não correspondente ao aplicado pela empresa nos 25% iniciais da obra.   

 

 

Por: Por Otávio Neto

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