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Operação em sete estados, incluindo o PI, prende 11 por suspeita de fraude ao Enem 2016 neste domingo

Duas operações foram realizadas pela PF neste domingo (6) em 8 estados. Criminosos usavam ponto eletrônico para transmitir gabarito a candidatos.

 Um dos presos em Montes Claros-MG. Fonte: G1

O delegado da Polícia Federal Franco Perazzoni informou que 11 pessoas foram presas neste domingo (6) em duas operações realizadas em 8 estados para combater fraudes contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Perazzoni disse que todos os presos foram flagrados usando ponto eletrônico. Entretanto, não soube informar quantos estavam fazendo a prova e quantos passavam o gabarito.

 

“As investigações prosseguem e amanhã [segunda] vamos sentar com o Inep [para continuar cruzando os gabaritos]”, afirmou Perazzoni sobre a apuração para identificar se houve mais fraudes do que as situações já descobertas.

 

A PF realizou duas operações em pelo menos 8 estados para combater fraudes contra o Enem, que aconteceu neste final de semana. Uma delas foi em Montes Claros (MG) e teve como alvo uma organização criminosa suspeita de utilizar uma central de telefonia celular e pontos eletrônicos para repassar informações aos candidatos, que cobrava até R$ 180 mil por gabarito. A outra operação aconteceu em estados do Norte e Nordeste e investiga 22 pessoas também suspeitas de fraudar o exame.

 

Candidato de 34 anos é preso em flagrante por usar ponto eletrônico, em Fortaleza

 

Chamada de "Embuste", a operação realizada em MG cumpriu 28 mandados judiciais, sendo 4 de prisão temporária, 4 de condução coercitiva (quando alguém é levado para depor), 15 de busca e apreensão e outros 5 de sequestro de bens. Das 11 prisões, 10 foram nesta operação.

 

De acordo com a PF, o principal alvo dos candidatos que recorreram à fraude eram cursos de medicina. "No decorrer das investigações, a Polícia Federal conseguiu identificar o repasse de gabaritos, mediante moderna central telefônica via celular, para candidatos situados em diversas partes do país, em evidente fraude ao Enem/2016", informou a PF em nota.

 

Rodrigo Ferreira Viana, ex-estudante de medicina, de Ipatinga-MG, é apontado pela PF como o líder da quadrilha

 

O delegado Franco Perazzoni contou que, em um dos casos de prisão, o equipamento com a escuta teve que ser retirado do ouvido do candidato com uma pinça que possui um ímã na ponta.

 

Antonio Diego de Lima Rodrigues, preso com chips presos ao corpo em Fortaleza-CE

 

Em Fortaleza (CE), um rapaz de 34 anos, que fazia a prova do Enem neste domingo, foi preso em flagrante usando um equipamento eletrônico preso ao corpo e pontos de escuta nos ouvidos. De acordo com a Polícia Federal,  ele foi identificado após a deflagração da operação Embuste, em Minas Gerais.

 

Ainda de acordo com a Polícia Federal, além do Enem o grupo já teria fraudado, em 2016, vestibulares nas cidades de Mineiros (GO) e Vitória da Conquista (BA), realizados em outubro.

 

Norte e Nordeste
A outra operação, batizada de Jogo Limpo, foi realizada em sete estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará. Também em nota, a PF informou que foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e que o objetivo foi "reprimir fraudes" ao Enem.

 

"A partir da análise de gabaritos apresentados em anos anteriores promovida pela Policia Federal em conjunto com o INEP, foram identificadas 22 pessoas que teriam apresentado respostas suspeitas de fraude e que fariam a prova novamente em 2016", diz a nota.

 

Agentes da PF cumpriram apenas 1 mandado de busca pessoal em Santarém (PA) - uma pessoa que fazia a prova do Enem e que, quando saiu do local do exame, foi levado para prestar esclarecimentos.

 

Gabarito do Enem chegava a custar R$ 180 mil, diz Polícia Federal


Candidatos pagavam entre R$ 150 mil a R$ 180 mil por um gabarito do Exame Nacional do Ensino Médio, descobriu a Polícia Federal na operação Embuste, realizada em Minas Gerais, Bahia e Ceará. A tecnologia usada pelo grupo criminoso responsável pela fraude possibilitava que o resultado chegasse a qualquer lugar do país e permitia ainda a comunicação entre quem repassava as respostas e quem as recebia. O Fantástico revelou detalhes da operação Embuste e como funcionava a fraude - veja o vídeo acima.

 

O delegado Marcelo Freitas explicou que, de um hotel em Montes Claros (MG) a quadrilha enviava o gabarito para os candidatos, que usavam um microponto colocado no ouvido e uma central telefônica acoplada no peito ou braço. Ambos podem ser apontados com o uso de detector de metais, mas a PF acredita que o equipamento não esteja sendo usado de maneira eficiente. 

 

Áudio e tosse
“Pela primeira vez constatamos o retorno de áudio por parte do candidato. A maneira que ele usava para demonstrar ao interlocutor que compreendia ou não o gabarito era por intermédio de tosse. Se tossia uma vez ele havia compreendido, se tossia duas vezes, o interlocutor repetia o gabarito”, disse Freitas.

 

Escutas autorizadas pela Justiça mostram que antes do exame era feito um teste para verificar se o candidato conseguia escutar a voz de quem iria repassar as respostas para ele. Durante o cumprimento dos mandados foram apreendidos vários equipamentos usados na fraude.
Sobre as investigações
As investigações duraram 15 dias e demonstraram que o foco do grupo era voltado para os candidatos que queriam entrar em faculdades de Medicina públicas e particulares. Mas a organização demonstrava interesse em atuar também em concursos públicos.

 

“Os lideres da organização, via de regra, são estudantes de Medicina que conhecem pessoas habilitadas em todos os conteúdos do Enem. Eles contratam essas pessoas, conhecidas como os pilotos, que realizam a prova da disciplina que têm conhecimento. Passado algum tempo, eles saem desses locais e levam até a base [hotel], onde os líderes repassam para as demais pessoas beneficiárias do esquema”, explica Marcelo Freitas.
 

A PF apurou que um dos pilotos, além de repassar o gabarito para os líderes da organização, ainda usou uma falsa identidade e fez a prova no lugar de outro candidato.

 

Ainda de acordo com a PF, como as ordens das questões das provas era diferente, quem passava o gabarito falava uma expressão do enunciado e outra expressão que constava em uma das alternativas, assim o candidato conseguia identificar a questão e resposta correta.

 

Um dos alvos das prisões já foi preso por fraude do mesmo tipo. Segundo as investigações, ele foi expulso de uma universidade estadual, onde cursava Medicina, prestou vestibular novamente e conseguiu ingressar no curso.

 

“Não temos dúvidas de que o sistema é falho e precisa ser aprimorado. O Ministério da Educação e o Inep se mostraram parceiros da Polícia Federal na identificação das fraudes, o que se espera é que após identificadas possam contribuir para que sistema possa ser aprimorado”.

 

Os envolvidos podem responder por crimes contra a fé pública e o patrimônio, por exemplo, e as penas podem ultrapassar 20 anos.

 

O Ministério da Educação e o Inep, órgão responsável pela aplicação do Enem, informaram que acompanham as operações da PF, mas que elas não afetaram a realização das provas neste segundo dia do exame.

 

"O MEC/Inep reitera que está acompanhando com atenção os desdobramentos das operações da Polícia Federal hoje. No entanto, as operações não afetam o Enem", informou.

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Da Redação. campomaioremfoco@hotmail.com

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