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Como um estudante de Sigefredo Pacheco foi aprovado entre os 5 melhores em Medicina no PI

As histórias de estudantes de escolas públicas que passam para cursos de elite são quase as mesmas: vontade própria, apoio da família e estudo. Muito estudo.

 Fotos: Repdoução/Facebook

Passar para o curso de Medicina no Sisu; ficar entre os cinco melhores. Este é o sonho de qualquer aluno. É também o que buscam os colégios particulares renomados do Piauí. O feito que é para poucos, foi alcançado por Francisco Emanuel Andrade Peres, de 18 anos, morador de Sigefredo Pacheco-PI e estudante de escolas públicas desde o ensino fundamental.

Na noite dessa segunda-feira, dia de divulgação do resultado pelo Ministério da Educação, o Em Foco falou com a mãe do rapaz, a professora Dacinha Andrade, e com o próprio Emanuel Andrade. Ambos contaram histórias que ajudam a entender como a força de vontade e dedicação faz a diferença com a educação.

VEJA TAMBÉM: Dois alunos de Cabecerias do Piauí passam para Medicina e um para Direito

Filho único da Dacinha e Manoel Peres, um funcionário aposentado, os três moram em uma chácara a 1km da cidade de Sigefredo Pacheco. A mãe é professora e trabalhou nos municípios de Castelo do Piauí, Juazeiro e Sigefredo Pacheco. Chegou a ocupar o cargo de secretária municipal de saúde de Sigefredo Pacheco na gestão complementar do ex-prefeito Neto Sampaio 2011-12, mas abriu mão para se dedicar ao próprio filho.

A condição financeira da família talvez fosse suficiente para pagar mensalidades caras de colégios particulares, mas ele mesmo sempre abriu mão de luxos e mordomias, segundo a mão, e ficou estudando em Sigefredo Pacheco com um único objetivo: ser aprovado para Medicina.

“Ele terminou o 3º ano em 2017 e foi aprovado para Direito na Federal do Rio de Janeiro e Odontologia na Federal do Piauí. Ainda tentei convencer ele a cursa odontologia, mas ele disse que se estudasse mais um pouco alcançaria média para Medicina” conta a mãe.

Dacinha e o esposo, então, resolveram montar um quarto de estudo para Manoel Andrade e ele próprio passou a organizar seu tempo de estudos e mãe e pai se programar em torno dele.

A história de Emanuel não envolve cor de pele, nem situação de extrema pobreza, mas, assim como as outras histórias de alunos de escolas públicas aprovados em curso de elite, envolve uma dosagem grande de dedicação do estudante, da família e de seus professores. Isso, talvez já responda como um estudante de escola pública de uma cidade pequeno do interior do Piauí conseguiu ficar entre os cincos melhores na disputa por uma vaga no curso de Medicina.

ROTINA DE ESTUDO EM 2018

Emanuel disse ao Em Foco que criou uma rotina de estudo. Acordava as 07:30hs e meia hora depois seguia para o quarto estudar. Ficava até por volta do meio dia. O horário da tarde iniciava às 14hs e seguia até 17 ou 18 horas.

“No fim da tarde eu pedalava [bicicleta] e dependo do dia, à noite ainda revisava conteúdo. Nos fins de semana revista tudo que estudei durante a semana. No tempo livre assistia séries, filmes e lia livros” disse Emanuel ao Em Foco. Em 2018, o estudante leu 20 livros.

O rapaz disse que não gosto muito de festa, mas a concentração nos estudos ajudou a se distanciar mais de eventos assim. Só saía na companhia dos pais para alguma festa particular. A internet era apenas para acompanhar um curso online e fazer pesquisas. Nada de redes sociais, nem aplicativos, como o WhatsApp. Perguntado sobre os convites de amigos para sair, ele disse apenas que sua diversão é a leitura, uma série, um filme.

“Ele sempre foi muito tímido, calmo, só dedicado aos estudos. Nunca gostou muito de sair, de festas. Tanto que nem quis festa de comemoração. E nesse tempo de dedicação dele, nós também abrimos mão de muitas coisas da vida social para ficar ao lado dele. Ele ficava no quarto e a gente evitava barulhos pela casa. Nos adaptamos à rotina dele”, completa a mãe, que só interrompia o filho para oferecer um lanche, enquanto pai cuidava de animais na chácara.

ABRIU MÃO DE UM CARRO COMO PRESENTE

A mãe contou que no aniversário de 18 anos do rapaz, em setembro último, o pai ofereceu um carro de presente. O filho não quis, pois, na prática, não iria usar o veículo.

A mãe diz que o filho nunca quis saber de luxo, coisas materiais, festas. Nunca consumiu bebidas alcoólicas. Aos 3 anos já lia e sempre gostou dos livros. “Os presentes que ele queria eram livros, revistas...” conta a orgulhosa mãe.

UM CARIOCA EM SIGEFREDO PACHECO

A mãe é natural de Juazeiro do Piauí e o pai é cearense. Os dois se conheceram no Rio de Janeiro, onde Emanuel nasceu. Quando o menino tinha 3 anos de idade a família veio para Sigefredo Pacheco.

O ensino infantil foi feito em uma escola particular de Sigefredo. Já a partir do ensino fundamental, Emanuel estudou na escola municipal Monsenhor Mateus e o médio na escola estadual Jerônimo dos Santos.

O FUTURO

Emanuel disse ao Em Foco que tem interesse pela Psiquiatria. “Sempre me fascinou o estudo da mente”. A família já começa a planeja a vida do rapaz na capital do Piauí.