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'Não sinto nada', diz carrasco paquistanês que já executou mais de 200 pessoas

Sabir Masih conta como, para ele, enforcar condenados é apenas um trabalho de tradição familiar

 

O parquistanês Sabir Masih é um carrasco, de 32 anos, que executa condeandos a morte em seu país. No Paquistão, há 8 mil pessoas no corredor da morte - mais do que em qualquer outro país do mundo. Desde dezembro, cerca de 200 foram executados, alguns por atos terroristas, outros por assassinato.

 

Desde que a pena de morte foi restabelecida, Masih diz que já executou cerca de 60 pessoas em diversas prisões na Província de Punjab.

 

No total, ele calcula que tenha executado mais de 200 desde 2007 - e conta isso sem o menor sinal de arrependimento ou incômodo, seja em sua expressão facial ou nos seus gestos.

 

O motivo disso talvez seja o fato de ele pertencer a uma família de carrascos. Como a maioria dos carrascos desde os tempos da dominação britânica, Masih é cristão.

 

Seus olhos são fundos, seus dentes são amarelados de tanto mascar tabaco e ele gagueja um pouco ao falar. Mas é uma pessoa esbelta e de traços faciais marcantes.

 

"Executar é a profissão da minha família. Meu pai era carrasco. Seu pai também era carrasco, assim como o pai dele e o avô, desde os tempos da Companhia Britânica das Índias Orientais (antiga empresa britânica de comércio com a Índia)."

 

Talvez seu antepassado mais famoso seja o irmão de seu avô, Tara Masih, que executou o premiê Zulfikar Ali Bhutto, em 1979.

 

"Não sinto nada"

Com esse histórico familiar, Sabir Masih é sempre questionado sobre como consegue dormir na noite anterior a uma execução ou se tem pesadelos depois. Também responde a perguntas sobre como se sentiu quando executou sua primeira vítima ou sobre como seu trabalho é visto por amigos e familiares.
"Eu não sinto nada. É uma tradição familiar. Meu pai me ensinou como fazer o nó do enforcado e me levou com ele para presenciar algumas execuções quando eu estava para ser contratado."

 

Sua primeira execução foi em 2007. "Só fiquei nervoso para fazer um bom nó. Mas o vice-diretor da prisão me deixou treinar antes. E quando o carcereiro me deu um sinal com a mão, me concentrei e não vi o condenado cair."

 

E isso é o que ainda acontece hoje em dia, tantos anos depois.

 

São lidas as acusações que pesam contra o prisioneiro condenado, o autorizam a se lavar e a rezar se quiser. Logo ele é levado ao pátio.
"Minha única preocupação é prepará-lo ao menos três minutos antes do momento da execução. Eu tiro os sapatos dele, coloco um capuz sobre sua cabeça, prendo seus pés e suas mãos, coloco a corda ao redor de seu pescoço, me certifico de que o nó está debaixo de sua orelha esquerda e logo espero o sinal do carcereiro para puxar a alavanca."

 

No Paquistão, os carrascos não têm acompanhamento psicológico nem antes nem depois das execuções. Também não há um limite máximo de execuções até que eles possam descansar.

 

E Masih diz que ele não precisa de nada disso.

Fonte: G1

Da Redação

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