Facebook
  RSS
  Whatsapp

  13:43

EGOLATRISMO POLÍTICO

 

O que está marcando o início do mandato do professor Ribinha é o seu comedimento e equilíbrio em tomar decisões. Seu secretariado demorou ser anunciado e houve um clima de mistério, só desfeito quase dez dias depois de tomar posse. Isso, aparentemente, pode não significar nada, mas em termos comparativos, de personalidade, demonstra que ele começou diferente. Aliás, não apenas dos seus antecessores, mas de boa parte dos prefeitos que tomaram posse no Brasil.

 

Os primeiros dias da nova gestão estão sendo lentos, silenciosos, e não de estardalhaço, como era de costume acontecer. No passado, o prefeito eleito chamava para si os holofotes e se tornava a personalidade mais cobiçada e badalada da cidade. Já houve prefeito que, nos primeiros dias de mandato, contratou canal de televisão para transmitir trechos de um discurso populista quase que completamente plagiado de um ex-presidente da República. Também tivemos, aqui mesmo, um prefeito que nos primeiros dias de gestão saiu às ruas da cidade, desfilando no seu carro, como se fosse uma carreata da vitória, como aquelas que acontecem na noite da eleição, logo após o resultado ser divulgado. A carreata era alongada por uma dezena de correligionários, que seguiam em seus carros e motos num grande buzinaço pela cidade. Era a festa do estardalhaço populista. Vale lembrar que todos tiveram mandatos medíocres, marcados pela corrupção. Os dias iniciais de alegria e exaltação terminaram nos tribunais da Justiça.

 

O começo de mandato geralmente é um momento imperdível de marketing pessoal para o novo gestor. Na maior cidade do Brasil, São Paulo, o novo prefeito, João Dória, começou o mandato vestido de gari e, simbolicamente, limpou as ruas da cidade. Na segunda semana repetiu o ato e, de gari novamente, limpou outras ruas da capital paulista. Depois limpou a Ponte Estaiada, repleta de grafites. Sem dúvida, um ato de marketing de quem entende do assunto. As ações de Dória tornaram, ainda mais, seu nome notícia e deixou a imprensa sitiando seus passos. No caso mais emblemático de todos, temos o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele é polêmico por natureza e com o slogan “Fazer a América Grande Novamente”, ele foi a sensação mundial. Sua eleição deixou a imprensa do mundo inteiro atordoada e, os dias que antecedem sua posse, não tem sido menos bombásticos. A cada dia uma nova notícia que causa frenesi no mundo. Para o mundo tremer, basta que Trump tecle um twitter.

 

Essa postura inicial do gestor pode falar muito a cerca dele. Pode revelar uma personalidade forte ou um homem que é centrado em si mesmo. Pode revelar traços de egolatrismo, coisa que os políticos amam. Nas belíssimas páginas do livro do professor Jonas Braga, intitulado “O Ególatra”, ele nos apresenta a figura real do indivíduo que idolatra a si mesmo e torna a si mesmo o ser mais belo que possa existir. Jonas, numa imagem extraordinária, projeta mentalmente o dia de sua morte e o cortejo fúnebre incomparável que segue seu corpo até a sepultura. Ele imagina o povo chorando e desmaiando por que ele se foi e não existe mais. Imagina aquela multidão desesperada indo às lágrimas, gritando seu nome, como no velório de um pop star. Jonas fala de si mesmo no livro. Ele ama a si mesmo, ama mais do que tudo na vida. Ele é o seu próprio deus. O autorretrato de Jonas Braga também é o retrato de muitos políticos, cuja alma almeja toda o estrelato para si. Por isso tanto sensacionalismo e uma dose carregada de propaganda midiática é orquestrada sobre muitos políticos.

 

O professor Ribinha começou bem diferente. Se é excessiva cautela, incapacidade, timidez ou prudência, equilíbrio e atenciosa análise, breve saberemos. O que já deu para notar é que ele assumiu a cidade sem alarde, deu pouquíssimas declarações à imprensa, e tem se mantido longe dos holofotes até aqui. Ele começa diferente, senão de todos os seus antecessores, pelo menos da maioria deles e, significativamente, ele é bem diferente dos últimos. Se há uma coisa que percebemos, no novo prefeito de Campo Maior, é que ele não segue os modelos populistas e sensacionalistas, ele não idolatra a si mesmo e não projeta sua imagem pessoal na imprensa. Ainda é cedo para julgar o mandato, é óbvio, mas já podemos comparar os primeiros dias de sua gestão e sua personalidade. Para dizer o mínimo: ele é diferente! 

Por Weslley Paz