O presidente Jair Bolsonaro disse na terça-feira (2), no Palácio da Alvorada, lamentar as mortes provocadas pelo coronavírus, mas afirmou que é "o destino de cada um". Bolsonaro deu a declaração em conversa com apoiadores que o aguardavam na portaria do palácio, residência oficial da Presidência.
Mencionando passagens da Bíblia, uma apoiadora religiosa pediu "uma palavra de conforto nessa hora". "Pode ter fé e acreditar que a gente vai mudar o Brasil", disse Bolsonaro. A apoiadora então insistiu: "E para os enlutados, que são inúmeros, o que o senhor diria?", indagou.
"Eu lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo", respondeu o presidente.
Em todo o país, há mais de 30 mil mortos e 540 mil doentes em razão da covid-19, doença provocada pelo coronavírus, segundo levantamento junto às secretarias estaduais de saúde.
Em 20 de abril, quando o país registrava mais de 2,5 mil mortes, Bolsonaro foi questionado a respeito e respondeu: "Ô, cara, quem fala de... Eu não sou coveiro, tá certo?".
Em 28 de abril, o Brasil superou a China ao ultrapassar a marca de 5 mil mortos. Confrontado com a informação, Bolsonaro indagou: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?"
No dia seguinte, o presidente disse que a cobrança sobre mortes por coronavírus tinha de ser feita a governadores e prefeitos. "O Supremo decidiu que quem decide essas questões [de combate ao coronavírus] são governadores e prefeitos. Então, cobrem deles. A minha opinião não vale", declarou na ocasião.
Quando o Brasil atingiu 10 mil mortos, em 11 de maio, o presidente foi instado, também na portaria do Alvorada, a se pronunciar a respeito. "Olha, eu lamento cada morte que ocorre a cada hora. Lamento. Agora, o que nós podemos fazer, o que nós todos podemos fazer, é tratar com o devido zelo o recurso público", respondeu.
Bianca Viana
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