Há quatro anos, um idoso de 71 anos acertou as seis dezenas da Mega-Sena e recebeu um prêmio de mais de R$ 10 milhões. Anos depois, ele se diz vítima de um golpe de um ex-sócio em uma funerária de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS, e alega que perdeu todo o dinheiro — o que motivou a Polícia Civil a investigar o caso.
"No último levantamento bancário nosso, ela tem só dois centavos. Tudo que ele ganhou na Mega-Sena foi retirado", disse o delegado Juliano Ferreira.
Entenda
Em 3 de abril de 2018, Fredolino José Pereira juntou latinhas de cerveja na rua e vendeu em uma reciclagem. Ganhou R$ 13. Desses, usou R$ 7 para fazer duas apostas na Mega-Sena.
No dia seguinte (4), ele se tornou um dos novos milionários do Brasil. Ganhou R$ 10.251.126,97.
O idoso lembra até hoje que jogou nos números 7, 11, 24, 36, 42 e 58. E quase não acreditou quando foi conferir o resultado.
"Peguei o papelzinho e fui para a [casa] lotérica, me fiz de doidão, tapadão. Sabia que era eu. Aí veio a guria: 'O senhor quer uma ajuda?'. Disse: 'Não, não, parece que tem um ganhador em Viamão'. Ela pegou o papel e olhou: 'Mas foi tu mesmo o ganhador'. Aí ela perguntou para mim quanto eu achava que tinha ganhado: 'Uns R$ 2 milhões, é o que eu queria'. Ela respondeu: 'Não, tu tens R$ 10,25 milhões", recorda.
A história que deveria ter transformado a vida do homem logo virou caso de polícia. Fredolino diz que foi enganado pelo sócio com quem investiu parte do dinheiro e comprou uma funerária em Viamão.
"A partir da aquisição dessa funerária começaram os golpes e os furtos praticados contra a vítima. Imediatamente, logo depois da compra, com a justificativa de pagar funcionários, [o suspeito] pediu o cartão bancário da vítima e a partir dali não devolveu mais, começou a fazer sucessivos saques", informa o delegado.
Contrato com funerária
A investigação tenta esclarecer como o então sócio do idoso conseguiu adquirir um sítio e uma frota de 10 veículos.
A polícia já descobriu indícios de falsificação nos contratos pelos quais o ex-milionário foi excluído da sociedade na funerária. Quatro pessoas são investigadas e não tiveram os nomes revelados.
"Uma associação criminosa, com crimes de lavagem de dinheiro, de estelionato, furto, apropriação indébita e tudo mais", diz o delegado.
Os agentes fizeram buscas na funerária e na casa dos investigados. Um deles chegou a ser preso por porte ilegal de arma.
Enquanto isso, Fredolino tenta recuperar na Justiça a fortuna perdida.
"Meu erro foi acreditar em quem não tinha possibilidade de eu ter dado a confiança que eu dei para ele. Fui enganado totalmente", lamenta.
Da Redação
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