A mãe de Nicole Carvalho, Síntia Guedes, denunciou que a filha de seis anos foi vítima de injúria racial em um evento que aconteceu na última semana, na cidade de Bom Jesus, 600 km ao sul de Teresina. A empresária Síntia Guedes, mãe da criança, expôs o caso nas redes sociais. Nicole teria sido chamada de “preta imunda” pela mãe de outra criança.
Nesta quarta-feira (15), a empresária informou que vai até a delegacia registrar boletim de ocorrência e prestar depoimento.
O ato configura injúria racial, quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. O crime teve pena equiparada ao racismo em janeiro deste ano, pelo presidente Lula. Conforme a lei, o racismo ocorre quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de pessoas, discriminando uma raça de forma geral.
Segundo Sintia, Nicole estava brincando com outras crianças quando uma delas acabou se molhando. Nicole foi culpada pelo ato e acabou sendo vítima de ofensa ligada à cor da pele da menina.
“Eu estava trabalhando nesse evento e só soube depois disso. Nicole estava brincando e no meio da brincadeira envolveu água. E alguém do grupo das crianças molhou outra criança. A mãe de uma delas chegou, recriminou minha filha e nem perguntou quem foi. A Nicole afirmou que não havia sido ela, e mesmo assim a mãe da criança disse para Nicole sair de lá pois não era lugar para ela e chamou minha filha de ‘preta imunda’", relatou.
O caso teve grande repercussão desde a última sexta-feira (10), quando Sintia fez uma live no Instagram e relatou o ocorrido. Centenas de pessoas se solidarizaram e criaram uma rede de apoio para Nicole. O vídeo tem quase 15 mil visualizações.
Sintia Guedes contou que o caso aconteceu há alguns dias, mas que só foi informada do caso dias depois de ter acontecido. Uma testemunha presenciou o caso.
“Uma pessoa veio me perguntar se a Nicole teria me contado algo relacionado ao racismo. Ela não tinha contado nada. Chamei a minha filha e, de forma descontraída, conversei com ela para ouvir o que ocorreu. Ela lembra de tudo e quando perguntei eu me surpreendi porque ela contou exatamente igual o que me foi relatado. É triste ver sua filha viver isso”, disse.
Na live, Sintia disse ainda que a filha é preta e que não sente vergonha disso. Ela fez um apelo para mães de outras crianças ensinarem sobre respeito dentro de casa.
“Ninguém nasce racista. Isso é ensinado, mesmo sem perceber. Uma pessoa que é mãe e virar para uma criança e chamar disso, essa pessoa para mim não passa de um lixo. Me pegou de surpresa. Todo dia acontece isso. E as pessoas dizem ‘deixa isso para lá’. Mas quando chega nos meus filhos, dói”, lamentou.
Lei equiparou injúria racial ao racismo
O presidente Lula sancionou a lei que aumenta a pena para quem cometer injúria racial de 1 a 3 anos de prisão para 2 a 5 anos. A pena aumenta se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa.
As informações são do G1 Piauí
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