Ela saiu de casa aos 14 anos e foi mãe aos 21. No ano 2000, surgiu como vocalista do grupo Gaiola das Popozudas e não saiu mais da mídia. Seja por críticas, elogios, pelas músicas ou entrevistas, Valesca Popozuda é um dos nomes mais fortes do cenário atual. A funkeira não tem medo de dar a cara a tapa ou colocar a boca no trombone. Mulher com "M" maiúsculo, ela posou para o EGO em um ensaio inspirado no filme "Victor ou Vitória?", de 1934, do diretor Blake Edwards. Vestindo acessórios masculinos, ela afirma que se sai melhor do que muitos deles.
"Dou conta de tudo. Se eu tiver que trocar lâmpada, troco. Se tiver que desentupir um vaso, correr atrás, movimentar o mundo, eu faço. Já trabalhei em borracharia, já troquei pneu... Tem homem que nem faz isso, ganho de dez a zero. Nunca esperei homem fazer nada pra mim.
Dou banho em muitos homens".
Segura de si, a cantora diz que nasceu do ventre de uma feminista, e que hoje em dia ajuda outras mulheres a descobrirem suas forças. "Me sinto feliz de poder falar, em forma de música ou até mesmo de outras maneiras, com mulheres que se sentem diminuídas, que são frágeis, que têm dúvidas. Ser mulher é uma honra, principalmente porque posso levar minha mensagem até elas", explica.
"Digo que nasci de uma mulher bem feminista, que foi e é guerreira, batalhadora, que sempre lutou e enfrentou barreiras para me criar. Sei da importância que minha mãe tem na minha vida, vejo que todas nós éramos obrigadas a nos calar, a andar sempre um passo atrás dos homens, e historicamente percorremos um novo caminho, levantamos a bandeira da autoestima. Hoje podemos mostrar que a mulher pode ir e vir sem dar satisfação. Hoje posso gritar e mostrar que a mulher pode chegar a qualquer lugar, muito mais longe do que os homens até. A mulher tem um poder que às vezes nem sabe. Mas muitas ainda têm medo de bater de frente. Sou dessas que boto a cara, luto pela mulher, acho que a injustiça e a hipocrisia existem, sim, que ainda sofremos preconceito dependendo da área de trabalho. Mas a mulher pode ser e fazer o que quiser e tem que ser respeitada".
"Cresci sem depender de homem"
Solteira, Valesca conta ainda o que espera de um relacionamento e o que não aceita em um homem: "Não admito a traição, a falta de respeito. Cresci sem depender de homem. E gosto de homem que me dá valor. Na verdade, a pior coisa é quando um homem não dá valor a uma mulher. Falta de caráter também é inexplicável, é melhor ficar sozinha. Ou fica do seu lado ou mete o pé. Não preciso de homem para p** nenhuma."
A funkeira, porém, diz que quando gosta mesmo, é romântica. "Sou carinhosa, se entro em um relacionamento vou de cabeça, movimento o mundo pra estar com aquela pessoa. Mas também é muito bom ter liberdadade para poder falar: 'Vai embora, não dependo de você para p*** nenhuma'. Sou feminista, acredito que a mulher luta por igualdade, exigindo seus direitos, lutando por respeito. Tem que gritar para o mundo, sim. Se nós não gritarmos, piora. Gritando já está difícil... Curto todas as marchas, converso com elas, dou depoimento e gravo vídeo quando não posso ir."
Se hoje em dia Valesca é cult, queridinha de marcas famosas e um dos maiores nomes nomes do funk nacional, no passado não foi assim. Ela lembra que sofreu preconceito no ínicio da carreira e da dificuldade para criar o filho, Pablo. "Foi uma luta para a mulher se destacar no meio que eu trabalho. Ainda hoje criticam. Se colocamos o corpo de fora ou não, é problema nosso, não fazemos mal a ninguém. Quem fala que a mulher está vulgarizando, vendendo o corpo, é ridículo. Com tanta coisa no país para se preocupar, as pessoas ficam se preocupando com o que a gente dança ou veste. Vejo como o meu trabalho evoluiu ao longo dos anos, lutei para que as pessoas não me vissem apenas como uma bunda. Não sou apenas uma bunda. Se eu quisesse ser apenas uma bunda, estagnaria".
Aborto
Ao ser questionada sobre o aborto, Valesca não se posicionou. Ela acha que as pessoas não devem ser julgadas por suas escolhas e que a mulher é quem deve escolher o que fazer. "Sou a favor da liberdade de escolha, já que cada caso é um caso. Sempre fui muito julgada e procuro, sinceramente, não julgar nada nem ninguém. Só quem passa por qualquer questão dolorosa na vida sabe o que é, a fundo".
Mãe de Pablo Gomez, de 16 anos, Valesca lembra que teve que ser uma mulher de fibra quando teve o menino, aos 21. Hoje, aos 37, ela conta que o adolescente pode desfrutar de muita coisa por conta do que ela lutou no passado.
"É bom ver meu filho criado, bem criado. Quando entrei na Gaiola das Popozudas, o Pablo tinha 8 meses. Tive apoio total da minha mãe para cuidar dele. Chorava quando ele sentia minha falta. Graças a Deus minha mãe estava ali para explicar que eu estava correndo atrás. Nunca tinha sonhado em ser artista, mas isso veio, fui conquistando e fiquei. Mas chorei muito para criar meu filho. Há quatro anos tenho uma proximidade total com o Pablo, me estabilizei. Não parava em casa porque tinha que trabalhar muito. Hoje tenho o prazer de dizer que a gente pode ter alguns luxos nessa vida porque trabalhei demais. Ele nunca me julgou e hoje tem orgulho de mim".
Fonte: EGO
Por Helder Felipe
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