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  20:08

Policial Civil mata quatro colegas em Delegacia e se entrega para a polícia após o crime no Ceará

 Foto: Vítimas

Um policial civil matou quatro colegas de trabalho nesta madrugada, em Camocim, cidade do Norte do Ceará, a cerca de 350 quilômetros de Fortaleza. A Polícia Civil lamentou o caso, e identificou as vítimas como os escrivães Antônio Claudio dos Santos, Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

Capitão Cleumir, da Secretaria de Segurança da cidade, disse ao g1 Ceará que o suspeito foi identificado como Dourado, inspetor da Civil. Ele estava de folga. Depois de atirar nos colegas, Dourado fugiu em um carro da polícia, mas abandonou o veículo e se entregou no quartel da Polícia Militar da cidade.

As vítimas foram três escrivães e um outro inspetor da Polícia Civil. Três foram mortos dentro da delegacia e um do lado de fora. O crime aconteceu na Delegacia Regional de Polícia Civil de Camocim. O local está isolado e passa por perícia.

Não há informações sobre a motivação do crime, que está sendo investigado. Até a manhã deste domingo (14), os corpos das vítimas foram levados para Sobral pela Perícia Forense. Ainda de acordo com o capitão Cleumir, o suspeito ainda não foi ouvido e segue preso no quartel da PM.

Neirilane Roque, advogada do suspeito, disse ele está sub custória e "em estado de choque". "Pessoalmente, ele não se encontra em condições de prestar esclarecimentos, por enquanto. Está em estado de choque, isolado e custodiado pela Polícia Militar. Estamos aguardando os procedimentos seguintes, disse.

A audiência deve acontecer em Fortaleza ou em Sobral, que fica distante cerca de 137 quilômetros de Camocim.

O Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol) emitiu nota sobre o caso. "Infelizmente famílias estão devastadas e destruídas, são filhos que não terão mais seus pais, esposas que não encontrarão mais seus maridos e mães, que nesse dia tão significativo, não terão mais seus filhos para abraçar, beijar", lamentou a entidade.

"Nos solidarizamos com todas as famílias que estão sofrendo, com todos os colegas que perderam seus companheiros de trabalho. Nos solidarizamos com todos os Policiais Civis neste momento ímpar de dor. Que Deus possa confortar seus corações", complementou o Sinpol Ceará.

Governador lamentou o caso

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), lamentou as mortes. "Estou absolutamente consternado diante do trágico episódio ocorrido na Delegacia de Camocim, quando quatro policiais civis perderam a vida após ataque de um colega, segundo registro policial", disse o governador.

"Manifesto a minha solidariedade às famílias, amigos e profissionais da Segurança Pública do Estado. O Governo do Ceará dará todo o apoio necessário aos familiares das vítimas", complementou Elmano.

PRIMEIRA VÍTIMA

Honesto, alegre, estudioso: assim descreve Mariana Almeida, prima de Francisco dos Santos Pereira, escrivão morto pelo colega de trabalho na madrugada deste domingo (14), em Camocim, Ceará. O policial deixa três filhos.

Ao g1 Ceará, a familiar disse que o mais novo ainda não completou um ano de idade. A mais velha tem entre 16/17 anos e o do meio tem sete. "A sensação que ficamos é de impunidade, injustiça. Foi muito cruel", desabafou.

Francisco é natural de Fortaleza, tinha cerca de 45 anos e mudou-se para Camocim quando passou para o concurso de escrivão na cidade. "Ele amava a profissão. Era uma pessoa muito honesta, justa", disse a prima, que mora em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Mariana, assim que soube das mortes, ligou para a irmã de Francisco. "Ela estava tentando encontrar equilíbrio para contar aos pais", acrescentou.

Os pais de Francisco já têm mais de 70 anos. A prima do escrivão ainda disse que a mãe dele sentia muito receio da profissão, principalmente pelos perigos que a envolvem.

"Ele estava se preparando para tentar um concurso para delegado. Era uma pessoa que sempre queria mais da profissão. E um colega de trabalho fazer isso, ficamos pensando em quem confiar", disse Mariana.

SEGUNDA VÍTIMA

Antônio Claudio dos Santos, policial morto em Camocim, no Ceará, trabalhava há cinco anos como escrivão no local onde crime ocorreu. Ele e outros três colegas foram mortos a tiros na madrugada deste domingo (14). Outro policial é suspeito.

Camocim é uma cidade da microrregião do Litoral de Camocim e Acaraú, mesorregião do Noroeste Camocinense. Sua população é estimada em 63.997 habitantes, conforme dados do IBGE de 2020.

Antônio tinha duas filhas, uma de cinco e outra de três anos e já foi agente penitenciário. Irleno Santos, irmão do policial, foi ao local cuidar do despacho do corpo, e deu mais detalhes.

"Estamos muito chocados. Meio complicado isso acontecer no próprio local de trabalho. Ficamos sem mão, sem pé, sem chão e sem nada", desabafou.

Segundo o familiar, ele falava pouco sobre trabalho e era um pai exemplar, sempre à disposição das meninas.

PREFEITURA DECRETOU LUTO

A Prefeitura de Camocim declarou luto oficial de três dias após as mortes de quatro policiais civis em uma delegacia do município. Eles foram assassinados por um inspetor na madrugada deste domingo (14).

A Polícia Civil lamentou o caso, e identificou as vítimas como os escrivães Antônio Claudio dos Santos, Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.

"Vocês, profissionais da segurança, que tanto fazem pelo bem-estar de nossa população, merecem nosso mais profundo respeito, admiração e reverência, não apenas neste momento de luto, mas em todos os dias de nossa jornada. Desejamos aos familiares, amigos e companheiros de trabalho das vítimas toda a força, neste momento de tanta dor", disse a prefeitura em nota de pesar.

"Cientes de que o triste acontecimento abala não apenas os envolvidos, mas todo o tecido social de nossa cidade, a Prefeitura de Camocim decreta Luto Oficial de 3 dias e coloca-se à disposição de todos, para ajudar no que for preciso", complementou o governo municipal.

Fonte/Créditos: g1 CE

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