Um censo pioneiro no país realizado pela Secretaria de Justiça (Sejus) levantou o perfil socioeconômico dos presos no Piauí. De acordo com os dados, até o dia 15 de julho, haviam 5.954 presos nas unidades prisionais do Piauí e 71,2% desse total afirma possuir renda mensal de até um salário mínimo.
“A questão da renda familiar nos chamou atenção porque isso é um dado que mostra que a pobreza está diretamente relacionada com a probabilidade dele ir para o mundo do crime, pela falta de estudo familiar, de condições econômicas, então acaba se tornando alvo fácil para ser colocado para o mundo do crime”, destacou o diretor jurídico da Sejus, Heitor Bezerra.
Heitor Bezerra, informou que foram realizadas 49 perguntas aos custodiados e o levantamento foi feito pelas equipes das unidades prisionais de forma simultânea em todo o estado.
“Nós utilizamos todos os coordenadores jurídicos das unidades, junto com a assistente social, nós fizemos a entrevista individual de cada preso, todos os custodiados foram entrevistados pessoalmente levando em conta a resposta deles também e conferindo com os dados que nós temos no SIAPEN que é um sistema nacional que nós temos aqui no Piauí que trata das informações do interno e utilizamos também para atualização desse sistema”, explicou o diretor.
Ainda segundo o levantamento, a cadeia pública de Altos é a unidade prisional que concentra a maior quantidade de presos no Piauí, já que eles são enviados para o local para aguardar o julgamento do seu caso.
Nas unidades prisionais do estado, 3.683 estavam presos definitivamente e 2.123 provisoriamente. A quantidade de mulheres presas no Piauí é bem inferior à quantidade de homens, chegando apenas a cerca de 200 na Penitenciária Feminina de Teresina, Picos e Mista em Parnaíba.
Detalhando a quantidade total, o censo mostra que até o dia 15 de julho, 5.245 presos estavam em regime fechado e 709 em regime semiaberto. Desses, 50,3% são presos primários e 49,7% reincidentes.
A pesquisa mostrou também que os três principais crimes cometidos são roubo (40%), tráfico de drogas (22,3%) e homicídio (20,8%).
Sobre a escolaridade dos apenados, 56,9% tem o ensino fundamental incompleto, destacando que 20,6% do total de presos não sabem ler nem escrever, seguindo de 15,1% com o Ensino Médio Incompleto e 9,4% com o Ensino Médio Completo.
Já em relação ao trabalho, 76,4% deles não fazem nenhuma atividade para reduzir a pena e apenas 4,7% está tendo formação em curso profissionalizante durante a prisão.
Com a finalização da apresentação dos dados, o censo será discutido com o governador do Piauí, Rafael Fonteles e com os órgãos públicos do estado.
“Esse censo veio de forma inovadora porque ele pega tanto a parte jurídica, a parte judicial, como levando em conta a condição socioeconômica do apenado. A gente avaliou inclusive a questão se ele consumia substâncias entorpecentes. Então todos esses dados serão direcionados para setores específicos do estado, tanto para gestão como para órgãos, por exemplo, a Sasc e Seduc”, destacou Heitor Bezerra.
Fonte/Créditos: Cidade Verde
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