Fontes ligadas ao Ministério da Educação (MEC) afirmaram ao g1, neste sábado (3), que as primeiras listas de aprovados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), divulgadas em 30 de janeiro, estavam erradas porque não haviam sido finalizadas pela pasta. Os resultados ainda estavam "rodando" internamente, para que todas as regras de cotas fossem aplicadas, quando o site do Sisu passou a exibir as classificações precocemente.
Depois de cerca de 25 minutos, a página com as informações equivocadas foi tirada do ar. No dia seguinte, os resultados definitivos e corretos foram divulgados, e alunos que já haviam comemorado a aprovação na universidade descobriram que estavam fora da lista de classificados.
Publicamente, o MEC admitiu apenas que houve "uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados". Segundo a pasta, o episódio está sendo rigorosamente investigado.
A cada vez que o sistema analisa uma nova categoria de cotas, a lista de aprovados é modificada, e os candidatos são remanejados. O que aconteceu: o MEC divulgou a relação de classificados no meio do processo, antes de chegar ao último degrau.
Um exemplo real: em Camaçari (BA), Emanuely Varjão, de 21 anos, havia se inscrito na modalidade de alunos pretos, pardos e indígenas com renda menor do que 1 salário mínimo. Só que ela foi aprovada em medicina, na categoria de "integralmente em escola pública, independentemente de renda, e que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas".
"Eu fiquei sem entender nada. Na cota em que me inscrevi, de baixa renda, eu passaria em 1º lugar. Mas me aprovaram em 19º na modalidade de independentemente da renda'", disse.
Na manhã de terça-feira (30), Khauany Freitas, de 18 anos, entrou no site do Sisu e viu a mensagem com que tanto sonhava: "Parabéns, você foi selecionada na chamada regular".
Ela postou no Instagram: "Caloura da UFF [Universidade Federal Fluminense]!!!! Obrigada a Deus e a todas as pessoas que me ajudaram!". Nos braços, escreveu "ciências biológicas" com tinta (nome do curso em que havia sido aprovada na modalidade de cotas).
Até que houve uma reviravolta: assim como outros candidatos, por um erro do MEC, Khauany "perdeu" a vaga no dia seguinte.
"O site mostrou que eu não tinha passado na faculdade. Fiquei muito frustrada, tive uma crise de ansiedade e só consegui controlar por meio de remédios", conta.
A mesma frustração de perder a vaga foi sentida por Maria Eduarda Xavier, de 19 anos, que, de um dia para o outro, viu seu nome "desaparecer" da lista de aprovados em engenharia ambiental no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).
"Eu era a 3ª colocada de 3 vagas de cota [para alunos de escola pública]. Saí para comemorar com a família, mandei mensagem para as minhas melhores amigas, minha mãe postou nas redes... Minha avó [a entrevistada chora ao lembrar] ficou muito feliz de ver a última neta na faculdade. Até que, no dia seguinte, vi que não tinha passado", diz Maria Eduarda. "Meu mundo caiu."
Fonte: G1
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