Um pedagogo de 32 anos de Teresina foi vítima do golpe do "falso delegado" ou "golpe do nude" na segunda-feira (13). Segundo o trabalhador, um homem, se dizendo delegado do Rio Grande do Sul, entrou contato com ele informando que havia uma denúncia contra ele pedagogo, mas o boletim de ocorrência poderia ser "desfeito" se a vítima lhe enviasse dinheiro.
Conforme o suposto delegado, a denúncia era de troca de fotos e mensagens íntimas entre a vítima e um adolescente. A acusação seria de "pedofilia".
Comumente, diz-se que "pedofilia é crime", mas não é exatamente assim. Pedofilia é uma doença classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde os anos 60. Segundo o Código Penal brasileiro, o que é crime é o abuso sexual de menores de 14 anos e consumo e distribuição de pornografia infantil.
Neste tipo de golpe, em alguns casos, os bandidos chegam a se passar por adolescentes para trocar mensagens íntimas. Contudo, com o pedagogo, essa interação íntima nunca aconteceu.
Apesar disso, diante das ameaças e do medo de que a falsa acusação lhe prejudicasse profissionalmente, ele acabou transferindo o dinheiro.
"Provavelmente, esse criminoso teve acesso às minha redes sociais, onde divulgo meu trabalho, então ele sabia minha profissão, onde eu trabalhava e que convivia com crianças e adolescentes. Mesmo sem ter cometido crime nenhum eu apavorado, pensando que 11 anos de trabalho poderiam ser destruídos por uma denúncia falsa", disse a vítima que não quis se identificar.
O golpista informou que queria a quantia de R$ 7 mil para retirar a queixa junto à família do suposto adolescente e para não divulgar as informação aos familiares e às empresas onde o pedagogo trabalha. Primeiramente, a vítima transferiu R$ 500 para o falso delegado, depois fez outros dois depósitos de R$ 1.500 mil e R$ 2.100 mil.
Horas depois, o irmão do pedagogo chegou em casa e percebeu que tudo era um golpe conhecido. Ele então ligou para o contato pelo qual o criminoso se comunicava e o golpista falou: "estou trabalhando, esse é o meu trabalho, enganar pessoas´´.
Ao g1, o homem que sofreu o golpe informou que o falso delegado chegou a enviar dois documentos que seriam do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (DECA) do Rio Grande do Sul atestando a Desistência de Ocorrência e Acordo Passivo entre as partes. Os documentos são falsos.
O golpe
O delegado Alison Landim, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), onde o pedagogo registrou um Boletim de Ocorrência sobre o caso, disse em entrevista ao g1 que esse tipo de golpe de uma falsa autoridade policial extorquindo dinheiro de vítimas já foi bastante praticado entre os anos de 2017 e 2019.
"Hoje em dia, as pessoas têm que ter um comportamento totalmente cético em qualquer situação que envolva dinheiro, não transfira seu dinheiro para qualquer lugar, se certifique. E isso da polícia pedir dinheiro não existe. Primeiramente, já seria corrupção. A instituição Polícia, seja em que âmbito for, não pede dinheiro a cidadãos", explicou o delegado.
"Também não existe isso de um contato da polícia fora dos canais oficiais, o cidadão é primeiramente intimado, o que pode partir de outros estados brasileiros, mas nunca um delegado vai ligar para um possível suspeito oferecendo retirada de queixa mediante pagamento", concluiu.
Conforme o delegado Alisson, o caso será investigado pela Polícia Civil do Piauí (PCPI).
Fonte: G1 Piauí
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