Uma servidora pública, de 40 anos, nome não revelado, denunciou um cabo da Polícia Militar do Piauí por agressão no âmbito da violência doméstica. A servidora e o PM tiveram um relacionamento, que durou cerca de dez meses, e foi marcado por episódios de violência.
A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí informou que foi aberto um processo administrativo disciplinar contra o PM e que está seguindo os ritos processuais.
A primeira denúncia de violência doméstica foi registrada por ela na Corregedoria da PM-PI, em março deste ano. À época, a servidora relatou que ao chegar em casa, na companhia dos filhos, foi surpreendida pelo Cabo PM, que a aguardava no interior de um veículo estacionado diante de sua casa. No boletim de ocorrência a que nossa equipe teve acesso, a vítima relatou que foi agredida verbalmente e sofreu agressão física.
"Era quase meia-noite e eu estava abrindo o portão para entrar na minha casa, com meus filhos, quando ele desceu do carro e começou a dizer que eu não queria prestar e que eu era uma vagabunda. Ele me empurrou para dentro de casa e me agrediu com socos, chutes e até me enforcou. Eu gritei para meu filho filmar e quando ele notou que meu filho estava filmando partiu para cima dele, tomou o celular dele e ameaçou dar um soco no meu filho. Meu filho abriu o portão para ele sair e quando eu fui fechar o portão ele me puxou e voltou a me agredir, meus filhos sairam correndo pela rua pedindo socorro e batendo na porta dos vizinhos. Só assim ele foi embora", relatou à corregedoria.
Em outro vídeo gravado pelo filho da vítima, ainda em março deste ano, a mulher surge sendo agredida pelo PM. O vídeo tem apenas dez segundos, mas mostram a violência dos socos desferidos pelo policial contra a mulher.
Após esse episódio de agressão, a servidora registrou boletim de ocorrência e pediu uma medida protetiva contra o policial. Segundo ela, por conta dessa protetiva o policial militar perdeu o direito de portar arma de fogo.
O então casal conversou e resolveu reatar o relacionamento. Mas, meses depois, os desentendimentos voltaram a se agravar.
No dia 21 de outubro, a servidora pública voltou a ser agredida. Desta vez, um vídeo de câmara de segurança de um imóvel situado na rua onde mora a vítima flagrou a agressão. Nas imagens é possível ver quando a mulher passa na calçada na companhia dos dois filhos, de 17 anos e 7 anos. O homem surge na imagem e agride a mulher, os dois filhos da vítima correm pela rua, enquanto o PM segue desferindo socos e chutes na vítima, que cai no chão.
"Eu liguei para a polícia vieram duas viaturas, mas ele não foi preso. Ele conversou com os colegas de farda dele, entrou no carro e saiu dirigindo, como se nada tivesse acontecido", lamentou.
A última agressão aconteceu no dia 07 de novembro. Segundo a servidora pública, o PM invadiu a sua casa e a ameaçou de morte.
"Ele invadiu minha casa armado, sendo que já existe uma medida protetiva que impede ele de andar armado. Ele disse que iria me matar se eu fosse registrar mais um boletim de ocorrência contra ele", disse.
Mesmo com a ameaça, a vítima procurou novamente a corregedoria da PM e a Deam/Sudeste, onde registrou um novo boletim de ocorrência e pediu uma nova medida protetiva.
Agora, temendo por sua vida, ela resolveu mudar de endereço para evitar que o Cabo PM volte a agredir.
"Eu já fiz três denúncias contra ele, e nada foi feito até agora. Ele sempre volta para me ameaçar e agredir e sempre me ameaça para eu não fazer uma nova denúncia contra ele", finaliza.
Processo administrativo disciplinar
O corregedor da PM-PI, coronel Newmarcos, explicou que o processo administrativo disciplinar, aberto contra o cabo da PM suspeito de agredir a ex-companheira, não tem como objetivo investigar e punir o PM pelas supostas agressões cometidas por ele.
"O crime de violência doméstica é um crime de natureza comum. A corregedoria trata de questões disciplinares internas e de crimes previstos no código penal militar. Quando recebemos uma denúncia de violência doméstica abrimos um procedimento disciplinar para que ele seja punido por colocar o nome da instituição no foco e ter descumprido suas obrigações enquanto policial militar", explicou.
Antes de chegar à expulsão do PM dos quadros da corporação, o processo segue um longo percurso, que depende do tipo de crime cometido pelo militar e da pena a qual ele foi condenado.
O coronel explica, ainda, que as vítimas, além de informar à corregedoria da PM devem registrar boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, para que os crimes sejam investigados e o agressor, seja julgado e punido, conforme a lei.
Fonte: Cidade Verde
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