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Segurança olímpica sofre com improvisos a uma semana da Rio-2016

A última dessas ações foi a rescisão do contrato firmado pelo governo federal com a empresa Artel Recursos Humanos.

 

Faltando exatamente uma semana para o início da Olimpíada de 2016, o plano de segurança do evento passa por uma reformulação. A crise econômica, o rompimento de um contrato e até o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) forçaram a adoção de medidas inesperadas para proteção dos Jogos Olímpicos do Rio, despertando assim um alerta entre autoridades responsáveis por guardar o megaevento esportivo.

 

Os problemas na elaboração do esquema de proteção da Olimpíada não são novos. Com a aproximação dos Jogos, entretanto, acabaram ficando mais frequentes. Motivaram assim ações emergenciais do governo em busca de soluções.

 

A última dessas ações foi a rescisão do contrato firmado pelo governo federal com a empresa Artel Recursos Humanos. A companhia havia sido contrata em junho, por R$ 21 milhões, para inspecionar bolsas e bagagens na entrada de arenas olímpicas usando aparelhos de raio-X. Deveria ceder 3.400 funcionários para o esquema de segurança da Olimpíada. Contratou 500. Acabou tachada de irresponsável pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moares, em entrevista coletiva concedida por ele na sexta-feira (29), no Rio.

 

Na entrevista, Moraes anunciou que 3.000 policiais militares, incluindo aposentados, serão enviados para prestar os serviços que seriam de responsabilidade da Artel. Ele não explicou, porém, que treinamento esses agentes receberão até que assumam as lacunas deixadas no esquema de segurança dos Jogos.

 

O ministro também esquivou-se quando questionado sobre a quantidade de policiais que trabalharão na Olimpíada integrados à Força Nacional de Segurança. Formada por policiais cedidos de vários Estados, a Força tem papel central na proteção do evento. É ela quem vai fazer a segurança interna das arenas olímpicas. Seu efetivo na Rio-2016, contudo, passou por cortes motivados pela crise financeira de algumas unidades da federação e até por conta do impeachment.

 

Inicialmente, a Força Nacional teria 9.600 agentes trabalhando na Rio-2016. Menos de um mês antes da Olimpíada começar, entretanto, foi divulgado que só 6.000 agentes trabalhariam nos Jogos. Estados em dificuldade financeira reduziram o envio de seus policias ao Rio. Governadores que haviam prometido à então presidente Dilma Rousseff ajudar na segurança olímpica também reviram seus planos dias antes de o presidente interino Michel Temer (PMDB) assumir o poder.

 

Foi justamente por conta do corte do efetivo da Força Nacional que o governo contratou a Artel, cerca de dois meses antes do início da Rio-2016. A uma semana dos Jogos, a estratégia mostrou-se equivocada.

 

Ameaça de greve e Forças Armadas nas ruas

Também viraram problema para a segurança da Rio-2016 as condições de trabalho e a remuneração dos agentes da Força Nacional enviados ao Rio. Os policiais foram abrigados num condomínio do Minha Casa Minha Vida recém-construído. Reclamaram das condições dos apartamentos e até de ameaças impostas por uma milícia que atua na área. Cogitaram abandonar o trabalho.

 

Mais uma vez o governo teve que agir de forma emergencial. Um decreto assinado pelo presidente Temer aumentou de R$ 220 a R$ 550 a ajuda de custo diária paga aos policiais enviados ao Rio. A ameaça de paralisação foi contornada.

 

Ainda antes de tudo isso, o aumento da criminalidade no Rio também forçou o governo a aumentar o número do efetivo das Forças Armadas dedicados à proteção da Rio-2016. No plano inicial dos Jogos, 21 mil militares trabalhariam na Olimpíada. O governo do Rio pediu mais. Outros 3 mil militares foram adicionados ao efetivo olímpico.

 

Parte desses militares extras assumiu funções que diferentes das previstas inicialmente. Homens do Exército e da Marinha, por exemplo, foram deslocados para fazer o policiamento de ruas e avenidas de bairros turísticos do Rio, função que antes seria cumprida pela Polícia Militar.

 

Promessa de estabilidade

Todas essas mudanças no plano de segurança da Olimpíada de 2016 foram discutidas na sexta numa reunião a portas fechadas entre o ministro Moraes; o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles; e o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame.

 

Apesar de, oficialmente, todas as autoridades afirmarem que a segurança da Rio-2016 está garantida e planejada, entre eles, as falhas são admitidas. Na reunião, Moraes avisou ao governador Dornelles que só na segunda-feira a segurança olímpica deve estar normalizada. No sábado que vem, dia 5, acontece a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, no Maracanã.

 

Procurado, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 informou que a segurança dos Jogos é uma responsabilidade do governo. Para o órgão, a tarefa está sendo cumprida.

 

Fonte: UOL

Por Helder Felipe

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