O “Fantástico” mostrou na edição de ontem (15/01) que a facção criminosa Família do Norte (FDN), que age dentro e fora dos presídios do Amazonas, tinha projeto de eleger políticos no Estado. De acordo com a reportagem, as investigações da Polícia Federal (PF) apontam que, a partir das conversas com autoridades do Governo do Amazonas, na campanha eleitoral de 2014, os chefes da facção decidiram dar um passo mais ousado e traçaram um plano para as eleições seguintes, de 2016. O objetivo era eleger vereadores e prefeitos comprometidos com os interesses da organização criminosa.
Gravações mostraram conversas entre políticos e chefe de facção em Manaus. Entre elas uma em que ‘Zé Roberto da Compensa’, um dos líderes da facção, teria ordenado massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus, no início do ano. Em 2014, o traficante falou abertamente com o então subsecretário de Justiça, o major da Polícia Militar Carliomar Barros Brandão. “Nós tem tudo, nós tem dinheiro, nós tem arma, tem tudo. Se mexer com nós, se mexer com nossa família, nós vai mexer”. Carliomar negou que receba dinheiro da facção.
Em 2014, o próprio chefão do tráfico falou abertamente sobre o assunto com o então subsecretário de Justiça. As conversas foram gravadas durante encontros entre Zé Roberto e o major.
Jose Roberto Fernandes Barbosa: “Que ele prenda nós lá fora com droga, a polícia prendeu com droga eu não tô nem vendo. Mas que não venha pertubar nós”.
Major Carliomar: “O que ele quer é sempre a paz na cadeia”.
A conversa aconteceu em outubro de 2014, entre o primeiro e o segundo turno das eleições pra governador. Pouco mais de dois anos depois, em 1º de janeiro deste ano, segundo a polícia, foi Zé Roberto quem deu a ordem para o massacre no Compaj. Foram 17 horas de rebelião, 56 mortos com brutalidade. Ao todo, 119 presos que conseguiram escapar. A onda de violência nas cadeias se espalhou pela Região Norte.
De acordo com as investigações, a causa das rebeliões e mortes é uma guerra entre a facção de Zé Roberto, que controla o crime no Amazonas, e um grupo rival, das cadeias da Região Sudeste. A disputa entre os dois grupos não era nenhuma novidade para o Governo do Amazonas.
“Nossa ‘Faccao’ é ‘tao’ Franca... Que ‘nos’ elegemos foi um ‘govenado’... ‘So’ isso”. Esse é um trecho da conversa entre os traficantes José Roberto Fernandes Barbosa, o ‘Zé Roberto’, e João Pinto Carioca, o ‘João Branco’, líderes da facção Família do Norte (FDN), apontada pelo governo do Estado como responsável pelo massacre no último dia 1º, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), publicadas pelo no início de janeiro.
PCC NO NORDESTE
O caso da Amazona não é restrito ao norte do país. Segundo matéria da revista IstoÉ, nº 2432, de 15.07.2016 também mostrou uma investigações da Polícia, que apontou o PCC (Primeiro Comando da Capital), investindo também para eleger prefeitos no Nordeste. As investigações apontaram Alejandro Herbas Camacho Junior, irmão caçula de Marcola, líder do PCC, como articulador para bancar a eleição de 10 prefeitos e 50 vereadores somente no Estado do Ceará.
No Ceará, os alvos do PCC eram as disputas pela prefeitura de Mombaça, Caucaia e Itatira, mas as investigações não apontaram quais os candidatos seriam patrocinadas pela facção. A primeira delas é por razões afetivas. O irmão de Marcola morou na cidade. A segunda é a jóia da coroa. Com a segunda maior população do Ceará, Caucaia é vista pela organização como estratégica.
Em Caucaia, quem venceu a eleição foi o deputado estadual Naumir Amorim (PMB). O parlamentar apresenta uma folha corrida de 148 processos, entre os quais dois por homicídio. O clima político em Caucaia foi tão conflagrado que opositores à candidatura de Amorim foram ameaçados. O coordenador de campanha de Eduardo Pessoa (PSDB) que perdeu a eleição, Marcos Correa, foi alvo de três tentativas de sequestro em 60 dias durante a campanha.
Para o delegado Jurandir Braga Nunes, a violência não tem conexões com crimes comuns. “Esses atentados não foram assaltos. São obra do PCC”, afirma.
Em outra cidade, Itatira, a polícia acompanhou as movimentações do PCC para lançar a candidatura de um dos irmãos de Jussivan Alves, o Alemão, que em 2005 comandou o assalto ao Banco Central em Fortaleza. Para Francisco Carlos Crisóstomo, chefe do Departamento de Inteligência Policial (DIP), da Polícia Civil do Ceará, não há dúvidas de que as candidaturas serão financiadas pelo PCC.
PIAUÍ
Pelo menos não se sabe de nenhuma investigação em curso que aponte alguma cidade do Piauí que tenha tido campanha eleitoral financiada por qualquer organização criminosa, mas é muito bom as autoridades começarem a observar e investigar, que não será difícil de descobrir, caso tenha existido. Principalmente em cidade pequena do interior, onde todo mundo sabe a vida financeira de todos os candidatos.
Da Redação. campomaioremfoco@hotmail.com
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.