Nesta quarta-feira (01/11), ocorreu uma entrevista coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública para dar mais informações sobre o assassinato da estudante Camilla Abreu, morta com um tiro no rosto pelo namorado, o capitão da Polícia Militar, Allisson Watson.
Camilla foi vista pela última vez na quarta-feira (25), quando saiu da faculdade e foi direto para um quiosque na zona Leste com o namorado. Lá, a jovem chamou uma amiga e ficaram por mais um tempo. Em seguida, o casal deixou a colega em casa e depois disso a estudante de direito não foi mais vista. Na tarde desta terça-feira (31/10), o corpo da estudante Camilla Abreu foi encontrado na região do Povoado Mucuim, após o posto da Polícia Rodoviária Federal, na BR-343, na zona rural de Teresina, já em estado de decomposição.
O delegado Emerson Almeida, da Delegacia de Homicídios, que ficou responsável pelo caso, afirmou que a defesa do capitão alega que o disparo foi acidental. “A defesa sustenta a tese de acidente, mas não vamos entrar nesse mérito, nós achamos que não foi um acidente, que na realidade foi um feminicídio, pelas circunstâncias que ocorreram, pelas circunstâncias anteriores e posteriores. Eu não irei afirmar que houve uma premeditação até porque estamos no início das investigações, mas sei que acidente não foi”, afirmou.
Sobre a motivação do crime, o delegado declarou que as brigas entre o casal eram constantes. “Em uma dessas brigas podemos afirmar que ele sacou a arma e atirou nela. Na realidade, a tese da defesa alega que a arma estava entre os bancos do veículo dele já que eles estavam no carro e ela estaria com a arma dele. O acidente que eles frisam seria com relação ao disparo. Segundo eles, eles estavam dentro do veículo quando a Camilla viu uma suposta mensagem no celular dele, em razão disso, ela ficou com raiva, iniciou uma discussão, pegou a arma e apontou para ele.
O capitão no intuito de tentar se defender teria dado um golpe, como ela estaria supostamente com o dedo no gatilho, a arma disparou acidentalmente na sua direção. Mesmo com o depoimento do acusado e tese apresentada pela defesa, o delegado afirmou que sua teoria não bate, já que muitos questionamentos ficam sem ser respondidos. “São diversas as provas que são constatas, houve após o crime a ocultação do cadáver. Ele diz que foi um acidente, então por que não socorrê-la? essa pergunta foi feita durante o seu interrogatório no inquérito policial. Por que não pediu ajuda a alguém? Por que jogar o celular dela fora? Por que lavar o veículo? Por que tentar se livrar do veículo? Então são diversos questionamentos que não entram na questão do acidente, por isso que afirmamos que não foi um. São diversos pontos que a investigação conseguiu provar, são 30 dias que podemos concluir essa investigação e vamos provar que houve um feminicídio. Ela era uma pessoa de estatura pequena, ele é uma pessoa treinada, ela foi morta com a arma dele, então para nós isso não se sustenta”, declarou.
O delegado acrescentou que a investigação desde o começo apontou o capitão como o principal suspeito. Segundo ele, as informações colhidas não batiam com a justificativa dada por ele. Durante as investigações, a polícia conseguiu através de câmeras de segurança mapear o trajeto do suspeito. “Conseguimos depoimentos que demonstravam que ele tentou lavar o sangue que existia no carro. Já apreendemos o veículo, a manta que foi lavada no posto, enfim, são diversas provas que levam a esse crime”, disse.
Sobre um possível arrependimento do namorado da jovem, o delegado ponderou: “Ele não demonstra arrependimento porque ele alega que foi um acidente, se ele demonstrasse algum arrependimento a tese de defesa dele cairia por água abaixo”.
De acordo com o coordenador da Delegacia de Homicídios, delegado Francisco Costa, o ‘Baretta’, a versão do criminoso não é sustentada com os acontecimentos. “A dinâmica do que aconteceu é totalmente diferente já que ele tentou destruir as provas. Ele foi deixar a jovem na faculdade às 20h, por volta de 22h se deslocaram até o quiosque na zona Leste, às 01h45 foram deixar a amiga na casa dela no Vale do Gavião e depois Camilla sumiu. Ele assassinou a jovem por volta de 2h e 3h da madrugada de quinta”, declarou.
O secretário de segurança pública do Piauí, Fábio Abreu, declarou que a equipe não tinha mais dúvida de que o capitão era o autor do assassinato. “Pessoalmente eu não conversei com ele, até mesmo porque eu estava viajando, mas a gente não tinha mais dúvida tanto que no dia de ontem tivemos todas as informações que não tinham como ele negar o feminicídio. Todos os rigores da lei serão tomados, todas as ações rigorosas por parte da apuração serão tomadas para que ele seja punido. É inadmissível que ele como policial militar tenha cometido um crime dessa natureza. Nós precisamos dizer que é um comportamento isolado desse oficial da polícia, nossa polícia é formada por homens e mulheres responsáveis, infelizmente ele desvirtua totalmente de forma covarde e que vai com toda certeza ser punido”, declarou.
Sobre as imagens que estão circulando nas redes sociais sobre o suposto corpo de Camilla Abreu, o secretário repudiou. “Tivemos verdadeiros ataques de mostrar imagens da jovem e isso mostra a verdadeira falta de limites que nós temos nas redes sociais, essas redes têm gerado grandes problemas. Uma orientação que nós fazemos é a credibilidade das informações, porque afinal de contas tem que ter consideração com a família dessa jovem”, disse.
Fonte: Meio Norte
Por Otávio Neto
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