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  17:36

A cidade amanhece diferente. Nas ruas, pessoas caminham de cabeça baixa e semblante triste. Um clima de comoção toma conta de todos. Nas redes sociais, mensagens de consolo, fé e esperança. Familiares e amigos em apuros. 

Esse cenário se torna cada vez mais constante no município. O crescimento no número de pessoas que tiram a própria vida tem deixado a cidade apavorada. Como entender que adolescentes, adultos e até idosos motivos aparentes puseram fim a sua existência. São pais, profissionais de saúde, líderes religiosos, enfim, uma sociedade inteira a procura de explicações: O que leva ao suicídio? Por quê?

Conversar é a melhor opção 
“Isso ainda é um mistério até para os profissionais de saúde mental”, diz o psiquiatra Cláudio Henrique Sales sobre os motivos que levam ao crescimento na aparição de casos. Descobrir uma resposta poderia ser o mapa que levasse a métodos de prevenção eficaz. Com os motivos, a comunidade terapêutica teria nas mãos, consequentemente, uma formula para combater e até zerar as notificações. No entanto, não dá para relacionar o suicídio a uma única causa. “Podem ser inúmeros de acordo com a vivência de cada um”, justifica Cláudio Sales. “Para adolescentes deprimidos pode nem haver uma motivação consistente”. 

Sair de um mundo infantil para a fase adulta da vida é um desafio. A juventude é o período de transição repleto de novas descobertas, o que leva a pessoa a experiências positivas, como o primeiro amor, os melhores amigos, a escolha de uma carreira, e negativas, como as primeiras decepções e derrotas. Esses desafios podem desencadear pensamentos suicidas. O psiquiatra Cláudio Henrique alerta que a família desempenha fundamental importância em observar o adolescente. 

“Mudança de comportamento, isolamento, piora do desempenho escolar desinteresse por coisas que antes eram prazerosas, falar em sumir” são elencados como sinais emitidos por pessoas com desejos suicidas.  Amigos próximos também podem ser fonte de ajuda. “Primeiramente conversar para tentar entender a situação, sem medos ou preconceito, e oferecer ajuda. Buscar um profissional caso sintam que não conseguem sozinhos”, orienta Cláudio. “Uma família acolhedora e interativa, uma religiosidade e um estilo de vida saudável” são pontuados como fatores que podem prevenir o suicídio. 
 

Grupo atende diarimente tentativas de suicído 

As perguntas entorno do suicídio intrigaram amigos de um grupo no aplicativo WhatsApp. Eram psicólogos e assistentes sociais que desenvolveram o desejo de se movimentarem para buscar respostas e prevenir novas mortes. “Em março do ano passado, a cidade teve um grande trauma com o suicídio de um jovem estudante de jornalismo. Daí resolvemos criar um núcleo para compreender melhor esses casos e ofertar a prevenção”, explica a psicóloga Ana Paula, integrante e idealizadora do Núcleo de Atenção e Prevenção ao Suicídio de Campo Maior. 

Composto de 15 profissionais da psicologia, serviço social e, mais recente, da enfermagem, o grupo de voluntários logo ficou sobrecarregado. “Campo Maior tem uma demanda muito forte no setor de psicologia e psiquiatria, depressão, problemas com crianças e jovens nas escolas e chega agora essa demanda mais forte de suicídio”, comenta Ana Paula. Com um ano de existência, o núcleo não consegue ainda entender o que leva cada vez mais jovens a cometerem o suicídio, só sabe que os pedidos por ajuda crescem em níveis assustadores. 

Em 2016, seis casos de suicídio abalaram Campo Maior. Não sabia o município que 2017 chegaria acompanhado do jogo Baleia Azul, da série 13 Reasons Why e do aumento das estatísticas. O número na cidade é preocupante alarmante porque ultrapassa a média nacional de 5,6 casos para 100 mil habitantes. 

Onde encontrar ajuda

Núcleo de Atenção e Prevenção ao Suicídio: O Núcleo funciona em Campo Maior profissionais de saúde que trabalham de forma voluntária na prevenção do suicídio. O núcleo promove palestras, treinamentos e campanhas em parceria com secretarias municipais. Os voluntários prestam ajuda domiciliar e por telefone a pessoas com comportamentos suicidas. 
Contato: (86) 99450 9911

Centro de Valorização da Vida: O CVV é um serviço gratuito que oferece ajuda emocional e de prevenção ao suicídio. O Centro funciona 24h por dia através de chat, email e pelo telefone e de forma sigilosa. Ele é ideal para quem deseja conversar e expressar sentimentos. Fundado em 1962, ele está presente em 18 estados e no Distrito Federal.
Contato: (86) 3222 0000
 

Reportagem Otávio Neto / Revista Foco

Por: Por Otávio Neto

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