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  02:48

"CAUSO" ENGRAÇADÍSSIMO

O “causo” em questão, aconteceu em uma época não tão atrativa. Dinheiro ninguém tinha, inflação alta, salários minguados...

 

O “causo” em questão, aconteceu em uma época não tão atrativa. Dinheiro ninguém tinha, inflação alta, salários minguados... Tudo parado. Até o comércio. Mesmo assim, havia uns teimosos. E foi nessa quadra, que apareceu por lá o Xenoberto, vendedor de fumo de rolo. Visitou os três ou quatro armazéns da cidade e resolveu caçar um local pra tomar um banho e dormir, pois que já era final de tarde. 

 

    A pensão – não tinha escolha – era a Só Sossego. 

 

   De manhãzinha, o Xenoberto aparece para o café da manhã e quase mata de susto o sô Zezé Vitrola, o dono da pensão. Este percebeu que seu hóspede estava com o corpo coberto de hematomas, tinha um olho inchado e roxo, e resolver perguntar a causa de tudo aquilo.

 

   - Ó, sô Vitrola, o negócio é que eu apanhei... E muito!

 

   - Mas o quecouve, seu Xenoberto? Apanhou por quê?

 

   - Aí é que tá, meu amigo... Apanhei sem saber o porquê...

 

   - Assim num vai pudecê, sô Xenoberto. Me ixplique as acontecência!...

 

   - Negócio é que resolvi dar um pulinho no cabaré, seu Vitrola... A dona    Zulmira, a proprietária, ficou muito sem graça, pois que não tinha nem uma mulher disponível pra mim. Mas me apresentou a Salomé, já nos últimos dias de gravidez, para ir pro quarto comigo pra gente bater um papo e trocar umas ideias sobre a vida. Aí comecei a indagar da moça sobre o passado, se foi casada, como entrou nessa vida, em que trabalhava e por aí afora. E não há de ver o senhor, sô Vitrola, que a Salomé, bem na minha frente, começou a ter as contrações do parto? E o senhor deve saber que puta é um bicho muito escandaloso. Gritava e gritava, ao ponto de me deixar meio surdo. Confesso, sô Vitrola, que fiquei foi muito sem graça. A turma, ao começar a ouvir os gritos, vinha correndo, querendo saber o motivo. E eu fui ficando, para o caso de uma necessidade da mulher ou da criança, até que aparecesse um socorro. Chegou num certo ponto, era gente na porta, pendurada na janela, dentro do quarto, todo mundo querendo ver a criança nascer. E todo mundo em silêncio respeitoso. As colegas da Salomé que tinham mais experiência, assim que iam liberando seus fregueses, começaram a chegar pra prestar socorro. E eu, que estava ali de gaiato, imaginei “vou ficar agora até o final pra ver o que acontece”... E fui ficando ali no meu cantinho. Queria saber o resultado daquela encrenca toda. Depois que nasceu a criança, findado todo o escândalo, Salomé ficou aliviada e eu também, vendo o sofrimento acabar. Aí, fui saindo de fininho, já que não precisavam de mim ali. Ao chegar ao corredor, vinha um soldado, com o cassetete na mão. E ele me perguntou:

 

   - O que aconteceu aí, rapaz?

 

   E eu respondi, na maior presteza:

 

   - Foi a puta que pariu!

 

   Aí ele me pegou de cassetete e me deixou nesta situação.

 

                                                                                   * Autor desconhecido