Campomaiorense é grande promessa Literária. Conheça!
Conheci Antônio Wilson, graças a profissão difícil, espinhosa e sem reconhecimento por parte dos principais poderes constituídos do nosso país.
Ainda bem, que todas as intempéries voltadas contra tão bonito “sacerdócio”, por vezes nos faz recompensar com os frutos que surgem nas mais diversas áreas.
Hoje, graduando em Letras/Português-UFPI, *Antônio Wilson me brinda sistematicamente com suas poesias e prosas, as quais o mesmo as denomina de devaneios.
Que assim seja meu amigo, que os seus devaneios (estranhamente tão lúcidos), continuem a fluir de tão geniosa mente e que a cada criação sua, possamos sorver o que de mais belo a vida nos proporciona.
Abaixo alguns escritos de nossa mais recente promessa literária:
NUMA VARANDA
A praia do mar, a fria brisa que sobre a areia finda as ondas que percorreram tantas marés, tantas correntes. O círculo branco, semelhante ao da vida, que dispersa o seu brilho sobre todos, contrastando com o manto escuro da noite. Provocando sensações, sentimentos, sinestesias. Olhos atentos sobre essa maravilha divinal. Olhos achados na imensidão do teu ser, através das janelas da tua alma. Em meio ao frio, uma energia dominante começa a emergir nos corpos. Não há como resistir e surge encantadoramente o beijo, a mordida, o lábio puxado por uma boca que parece dizer “mais”. O toque, o calor, o arrepio, os corpos que conversam, que entendem e, por isso, se respondem. A mão que vai do braço, à cintura, às costas, à nuca, as unhas, o arrepio, ao cabelo, puxado. Poder contra a parede e se sim, fazer tudo novamente até que a lua nos deixe.
Antônio Wilson
Simplicidade
Palavras soltas
Quase Loucas
Que num ímpeto
Voam.
E longe formam
A imagem que fazem
No coração
Que não se sabe.
Antônio Wilson
CÁRCERE
Como pode ser capaz
de tamanho paradoxo existir
em tão poucos espaços?
É louco perceber que
o mundo dividido
em tantas partes pelo
homem, sendo que o
próprio não consegue se
ajuntar.
É louco ser são em
lugares que nada se
explica ou se cansa
e desiste de tentar compreender
um pouco que seja.
É louco tentar supor
como será o próximo dia,
sem que ao menos
tenhamos confiança no
próximo passo.
Nada vive, sobrevive ou
tenta viver em conformidade
plena. Sem intrigas ou
conflitos onde se perda
e se pergunte, e pergunte
e pergunte sem achar resposta.
É louco tudo isso e é até
mesmo louco tentar escrever
sobre isso, pois assim como
não se consegue entender
o que precede a escrita.
Jamais conseguirá supor
o que se passa em
uma caixa preta.
Ainda essa repugnância, asco
e intolerância que surge
e ressurge como
algo que lhe devora de
dentro pra fora.
Um refluxo asqueroso
que lhe corrói e consome
a mente, perguntando-se
e colocando-se em
uma loucura que é pior
do que a tortura.
Antônio Wilson
* Antonio Wilson de Andrade Silva é campomaiorense e Graduando em Letras Português - UFPI.
José Francisco Marques
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