Jogos Olímpicos de Tóquio são adiados por um ano por causa da crise do coronavírus
Decisão aconteceu nesta terça-feira, durante reunião entre membros do governo japonês e do COI.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 foram adiados por um ano. A definição aconteceu após reunião nesta terça-feira (de manhã no Brasil), entre representantes do governo japonês, do Comitê Organizador e membros do COI. A decisão vinha sendo adiada por semanas, até os representantes legais se dobrarem aos pedidos da comunidade esportiva internacional para parar a preparação em função da pandemia do novo coronavírus.
E expectativa é que os Jogos sejam retomados em 2021 na mesma data e cidadesede, Tóquio. O Japão, assim como o resto do mundo, luta contra a covid-19, mas vive um momento um pouco menos turbulento. O governo local instruiu a população aos cuidados com a doença, mas não regularizou nenhum movimento obrigatório de sua população.
Até semana passada, o presidente do COI, Thomas Bach defendia a realização da disputa nas datas programadas, com abertura em 24 de julho. Seu argumento, e também dos dirigentes do Comitê Organizador, era de a competição poderia ser realizada, já que a situação deveria estar mais controlada até julho.
A decisão do COI era esperada para acontecer em maio, quando seus membros se reuniriam extraordinalmente para avaliar o cenário. Aconteceu mais cedo. A pressão das federações aumentou o tom nos últimos dias, com delegações e atletas renomados, inclusive o Comitê Olímpico do Brasil (COB), posicionandose contrário à realização da disputa. A gota d'água para adiar os Jogos foi a informação de que alguns países não iriam mandar seus atletas para Tóquio, casos de Canadá, Noruega, Polônia e Austrália, por exemplo. Os Estados Unidos, na voz do seu presidente, Donald Trump, engrossaram o coro para o adiamento nesta semana.
Para não perder prestígio e se sentir esvaziado com países informando que não iriam disputar a Olimpíada, o COI não teve outra saída a não ser anunciar o adiamento da competição. Isso implica mais gastos do Comitê Organizador para sustentar as obras e toda a mobilização na cidade por mais um ano. Os investimentos nos Jogos foram previstos em R$ 56 bilhões, bem acima dos gastos inciais do Brasil, que foram de cerca de R$ 39 bilhões.
COI e Comitê Organizador conversaram em cima de três possibilidades sobre os Jogos-2020. A primeira delas foi saber se havia interesse em cancelar a competição, da mesma forma que ocorreu em Tóquio em 1940 por causa de conflitos com a China e depois devido à Segunda Guerra Mundial. A resposta foi "não". Não havia qualquer possibilidade de cancelar a Olimpíada agora. A segunda discussão se deu em cima da segurança que as delegações teriam para viajar ao Japão e dipsutar as provas nesse clima de pandemia do novo coronavírus.
A resposta dos membros do COI e Comitê também foi "que não havia segurança nem clima". A única alternativa então foi adiar em um ano as
disputas. Operacionalmente, a decisão atinge todos os países envolvidos, torcedores, atletas, dirigentes, competições preparatórias... O COI vai anunciar as medidas que serão tomadas diante desse novo passo. Uma delas é saber como reembolsar torcedores que compraram ingressos.
Haverá a possibilidade de continuar com os bilhetes para 2021. Os Jogos continuarão sendo chamados de Jogos-2020 por causa dos produtos licenciados. Isso não vai mudar. Mas delegações terão de remarcar seus locais de treinamentos e hotéis. As casas na Vila Olímpica, entregues como moradias depois da competição, terão de passar por nova avaliação e essas pessoas só receberão os apartamentos daqui a um ano. A logística será enorme a partir de agora.
Há ainda muitas dúvidas. Uma delas é sobre os índices de atletas já credenciados para a disputa. Em um ano, essas marcas poderão ser pulverizadas em torneios preparatórios. O COI deverá formalizar tudo isso nos próximos dias. No começo da semana, o COB posicionou-se favorável ao adiamentos dos Jogos do Japão. Em comunicado oficial publicado em seu site, a entidade que comanda o esporte olímpico no Brasil levava em conta a pandemia do coronavírus e a crescente preocupação de seus atletas.
Veja a nota da entidade.
O Comitê Olímpico do Brasil defende a transferência dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, em período equivalente ao originalmente marcado, entre o fim de julho e a primeira quinzena de agosto. A posição do COB se dá por conta do notório agravamento da pandemia do COVID-19, que já infectou 250 mil pessoas em todo o mundo, e pela consequente dificuldade dos atletas de manterem seu melhor nível competitivo pela necessidade de paralisação dos treinos e competições em escala global.
"Como judoca e ex-técnico da modalidade, aprendi que o sonho de todo atleta é disputar os Jogos Olímpicos em suas melhores condições. Está claro que, neste momento, manter os Jogos para este ano impedirá que este sonho seja realizado em sua plenitude", afirma o presidente do COB, Paulo Wanderley, que comandou a seleção brasileira em Barcelona 1992. O COB ressalta que a sugestão de adiamento em nada altera a confiança da entidade no Comitê Olímpico Internacional (COI) de que a melhor solução para o Olimpismo será tomada. "O COI já passou por problemas imensos
anteriormente, como nos episódios que culminaram no cancelamento dos Jogos de 1916, 1940 e 1944, por conta das Guerras Mundiais, e nos boicotes de Moscou 1980 e Los Angeles 1984. A entidade soube ultrapassar estes obstáculos, e vemos a Chama Olímpica mais forte do que nunca. Tenho certeza de que o Thomas Bach, atleta medalha de ouro em Montreal 1976, está plenamente preparado para nos liderar neste momento de dificuldade", completa Paulo Wanderley. Desde o início da pandemia, o COB tem priorizado a saúde e o bem-estar dos atletas brasileiros e colaboradores do Comitê. Ha uma semana, a entidade cancelou eventos públicos e preparatórios para os Jogos e determinou na terçafeira o fechamento total do CT Time Brasil.
Da Redação
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