A polícia vai apurar se a presença de bandeiras neonazistas foi o estopim para o confronto entre manifestantes pró-democracia e pró-Bolsonaro neste domingo (31) na Avenida Paulista, Centro de São Paulo.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exibiram na Avenida Paulista bandeiras pretas e vermelhas com símbolo tradicional ucraniano também usado por grupos de extrema direita e até neonazistas.
Os dois grupos brigaram nesta tarde enquanto se manifestavam no mesmo local. A Polícia Militar (PM) interveio, usando bombas de efeito moral, gás e balas de borracha para dispersar o conflito. Cinco pessoas foram presas, três delas por desordem, e outras duas por roubo.
De acordo com o coronel Álvaro Camilo, secretário-executivo da PM, informações ainda preliminares passadas por policiais militares serão apuradas.
O coronel não soube dizer qual grupo estaria portando bandeiras que seriam usadas neonazistas. Mas afirmou que elas poderiam estar com três manifestantes, que teriam saído do grupo onde estavam os simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no prédio da Fiesp, e foram até o lado onde estavam pessoas que protestavam em favor da democracia, no Masp.
“Talvez essas mesmas pessoas, que tenham ido lá, estavam com bandeiras, mas isso não se confirmou. A PM não confirmou”, disse o coronel, que, entretanto, falou que policiais que filmaram as manifestações vão analisar as imagens para tentar identificar se alguém portava material neonazista.
O SIGNIFICADO DA BANDEIRA
O movimento político ucraniano de extrema direita e ultranacionalista Pravyy Sektor é conhecido por adotar a bandeira e uma adaptação do símbolo visto na Paulista. Na Ucrânia, o grupo é conhecido por ações violentas, inclusive com tacos de baseball.
O símbolo é o tryzub, o brasão de armas da Ucrânia na forma de um tridente, usado até no escudo da seleção de futebol do país. As cores oficiais da bandeira ucraniana são azul e amarelo. O Sektor adotou as cores preto e vermelho com uma adaptação do símbolo e uma faca.
O embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, disse que a bandeira usada por manifestantes no protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, não é nazista nem fascista, como circula nas redes sociais.
“Essa bandeira rubro-negra é uma bandeira histórica que significa a terra fértil da Ucrânia, com a faixa negra, e [a vermelha] o sangue que ucranianos durante séculos derramaram na luta pela nossa soberania, liberdade e independência", disse.
O tridente, segundo o embaixador, "é símbolo do príncipe Vladimir, do século 10, que trouxe o cristianismo à Ucrânia e esse tridente significa a santíssima trindade", disse.
Da Redação
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