O apagão no Amapá chega ao 7º dia nesta segunda-feira (9). Parte do fornecimento de energia em 13 dos 16 municípios do estado foi retomado no sábado (7), e o governo estabeleceu um rodízio com duração de 6 horas, por regiões. A solução provisória é alvo de reclamações dos moradores, que apontam descumprimento do cronograma.
Com apenas 65% do sistema elétrico restabelecido, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) fixou fornecimento de energia com duração de pelo menos 6 horas para cada região, para que o estado todo fosse contemplado. Porém, há locais onde a energia voltou por apenas 3 horas.
Quase 90% da população do Amapá, o equivalente a 765 mil pessoas, ficaram sem energia elétrica na última terça-feira (3), quando um incêndio atingiu a principal subestação do estado. Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e nas telecomunicações, além de filas nos postos de combustíveis e prejuízos ao comércio.
O Ministério de Minas e Energia prevê retomada integral da distribuição de energia no próximo fim de semana, mas sem dia definido. Os brasileiros aguarda resposta da CEA sobre o motivo das falhas no rodízio e vai atualizar esta reportagem assim que tiver o retorno da companhia.
Início do apagão
Na noite de terça-feira, enquanto ocorria uma tempestade em Macapá, uma explosão seguida de incêndio comprometeu os três transformadores de uma subestação da Zona Norte, segundo o MME. As causas do incêndio ainda são desconhecidas. Uma investigação foi aberta para apurar responsabilidade.
O fogo danificou um transformador e atingiu os outros dois — um deles já estava inoperante por causa de uma manutenção realizada desde dezembro de 2019. Segundo o MME, o transformador que estava em manutenção ainda poderia ser recuperado, enquanto os outros dois precisariam ser trocados.
O Ministério de Minas e Energia criou um gabinete de crise e enviou uma comitiva ao Amapá. Na sexta, o governador Waldez Góes (PDT) assinou decreto que estabelece situação de emergência por 90 dias nas cidades atingidas.
No sábado (7), o ministro Bento Albuquerque até final da próxima semana a energia do Amapá deve ser restabelecida 100%. Nesse período, serão feitas ações para o retorno gradual do serviço, como a chegada de geradores termoelétricos e manutenção da hidrelétrica Coaracy Nunes, no interior do estado.
"Geradores termoelétricos que chegarão nos próximos dias a Macapá para reforçar a segurança energética do estado e também estamos fazendo obras de manutenção na Coaracy Nunes, para que possa aumentar a carga do Estado. Como eu disse nós vamos restabelecer a energia do Amapá gradualmente. Chegamos já próximo a 70%, vamos chegar a 80% e na próxima semana a 100%", disse.
Consequências
Mesmo com a volta parcial do serviço, as cidades atingidas, principalmente a capital do Amapá, seguem em situação precária, com falta de alimentos, muitos deles perdidos por falta de refrigeração.
A queda de energia afetou também o sistema hidráulico do estado. Há falta de água encanada, água mineral e gelo. Sem energia, internet e serviços de telefonia também foram atingidos — a maioria parou de funcionar.
Rodízio de energia
Previsto para às 18h de sábado (7), o cronograma de planejamento do rodízio de fornecimento de energia em cidades e regiões do estado ainda não foi divulgado até às 9h deste domingo (8), mais de 15 horas depois do horário previsto.
Mesmo sem anúncio oficial, em Macapá moradores relataram o fornecimento do serviço em turnos de 6h, iniciados e suspensos nos horários de 18h, 0h e 6h.
Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) disse que as informações sobre o cronograma seriam divulgados ainda durante a manhã.
Há 24 horas
Cidades do AP têm protestos por falta de energia e espera sobre cronograma de rodízio
Em meio à incerteza sobre o retorno da eletricidade e sem o cronograma de fornecimento por bairros e municípios, a noite de sábado (7) e a madrugada deste domingo (8) foi marcada por vários protestos de moradores em Macapá e Santana, com queima de pneus e gritos de ordem.
Foram registrados atos em vários bairros, com maior volume na BR-210 em frente aos bairros Açaí e Boné Azul, na Zona Norte, onde, em meio à escuridão, o trânsito foi interrompido e muitos motoristas tiveram que retornar na contramão.
Houve atos também na Avenida José Tupinambá, no bairro Jesus de Nazaré, que dá acesso ao aeroporto de Macapá, e na Avenida Beira Rio, na orla da capital.
Em Santana, os protestos se concentraram em diversos bairros, com queima de madeira e pneus e reivindicações de moradores.
Bianca Viana
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