Funcionários do Banco do Brasil estão realizando nesta sexta-feira (29), a paralisação de suas atividades em todo o Piauí. O ato é contra o fechamento de unidades, desligamento de milhares de trabalhadores, descomissionamento de funções e a extinção do cargo de caixa. Diversos servidores se reuniram em frente a agência da Rua Álvaro Mendes, no Centro de Teresina, no início da tarde de hoje.
O protesto foi aprovado com 94,29% em assembleia virtual com os funcionários realizada na última terça-feira (26). O presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF/PI), Odaly Medeiros, ressaltou que o movimento é nacional, com a adesão dos outros estados. “Vamos mostrar para o Governo Federal que nós, enquanto trabalhadores do ramo financeiro, não aceitamos essas mudanças drásticas que geram grandes prejuízos. Devemos sempre lutar por melhorias na categoria e não vamos aceitar esse desmonte”, destacou Odaly.
Em entrevista ao programa Banca de Sapateiro, da TV Jornal, o servidor e líder sindical Arimatea Passos, esclareceu que o ato é previsto para apenas 24 horas. “A greve de hoje é 24 horas, se conseguirmos abrir negociação. Não havendo essa perspectiva de negociação, aí sim conseguimos pensar em tempo indeterminado”, disse. Ele confirmou ainda pelo menos 5 mil demissões no Piauí.
Arimateia lamentou sobre proposta de desmonte do BB e revelou quais agências estão previstas para fechar as portas no estado. “A agência da Universidade Federal do Piauí e a que fica na avenida Frei Serafim, chamada de Cidade de Verde. As agências do interior são de Amarante e de Buriti dos Lopes”, completou.
De acordo com o diretor do SEEBF/PI, Antônio Machado, a luta neste momento é em defesa de um Banco do Brasil público, da sociedade brasileira, dos bancários e bancárias do BB. "A luta é contra o desmonte provocado pela reestruturação, que tem como finalidade em última instância a privatização do Banco", pontuou o diretor.
Programa de reestruturação
O Banco do Brasil (BB) informou no dia 11 de janeiro que vai fechar 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA). Além disso, foram aprovadas duas modalidades de desligamento incentivadas: o Programa de Adequação de Quadros (PAQ) e o Programa de Desligamento Extraordinário (PDE). Os planos também incluem a extinção da função de Caixa Executivo, revertendo os trabalhadores nessa função a escriturários.
De acordo com Oldaly Medeiros, a reestruturação traz diversos prejuízos aos funcionários e clientes do banco. “A demissão de cinco mil trabalhadores vai precarizar o serviço do banco. Com a estrutura que o Banco oferece hoje, alguns clientes ficam duas horas nas filas. Caso haja diminuição das agências, vai piorar”, informou.
Em comunicado oficial, Carlos José da Costa André, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores do Banco do Brasil, a reorganização da rede de atendimento e a redução de funcionários objetivam a adequação da instituição ao novo perfil e comportamento dos clientes. O BB chegou a informar também que espera economizar R$ 353 milhões com o programa de reestruturação ao mercado e R$ 2,7 bilhões até 2025. Para o SEEBF/PI, a atualização do perfil é uma "maquiagem" para privatização.
“Nós vamos ter um prejuízo financeiro para esse setor do Banco em torno de 30% nos salários dos trabalhadores. Alguns trabalhadores serão deslocados até para o interior. A pessoa que tem aqui 20 ou 25 anos de BB, tem toda uma estrutura familiar. Vão afetar famílias e a estrutura financeira dessas pessoas para a manobra de privatização. Essa desestruturação interessa a quem?”, questiona o presidente do SEEBF/PI.
Bianca Viana
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