O Instituto Butantan divulgou na segunda-feira (26/04), que foram identificadas, em São Paulo, a nova variante suíça e uma mutação da cepa originalmente descoberta em Manaus (P1) do novo coronavírus (Covid-19). Além disso, os pesquisadores também descobriram um novo caso da variante sul-africana, também no Estado.
As descobertas causam preocupação, pois essas alterações no vírus podem tornar o coronavírus mais transmissível e, até mesmo, reduzir o potencial de proteção das vacinas aprovadas contra a doença.
Entretanto, os cientistas destacam que a variante suíça, B.1.318, e a N9, mutação da cepa amazônica, são consideradas variantes de interesse. Em tese, essa informação significa que não existem estudos, ainda, que possam atestar o potencial de risco dessas variações. Em contrapartida, a sul-africana, B.1.351, já foi classificada, internacionalmente, como preocupante, conforme revelou o Estadão.
Ainda segundo o jornal, a variante sul-africana foi identificada na Baixada Santista, sendo que, anteriormente, ela já havia sido encontrada em Sorocaba. Já a cepa da Suíça foi localizada em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo; e a mutação da variante de Manaus foi identificada em Jardinópolis (SP), além de municípios em outros Estados em território nacional.
Segundo especialistas, as novas variantes são resultado da alta circulação do vírus: “O surgimento de variantes faz parte da evolução natural do vírus, mas esse surgimento de forma acelerada em virtude da alta transmissão é o problema", explica a biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mellanie Fontes-Dutra, ao Estadão.
Nesse sentido, a cientista reforça a preocupação com a variante P.1, de Manaus, e com a B.1.351, da África do Sul. “São realmente preocupantes, em virtude das adaptações que podem ser conferidas por conta dessas mutações. A B.1.351, junto da P.1 tem a mutação E484K, por exemplo, que pode conferir um escape imune da resposta de recuperados ou vacinados”, enfatiza.
Contudo, Mellanie ressalta que esse cenário não significa que os imunizantes contra a Covid-19 não são eficazes, entretanto, ela explica que podem ocorrer impactos no número de anticorpos neutralizantes. "Para ver se há ou não proteção, estudos de eficácia e efetividade devem ser feitos", completa.
Vale reforçar que, de acordo com informações divulgadas em um estudo preliminar feito em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), a CoronaVac é capaz de combater a variante P.1, de Manaus.
Outras medidas
Para o farmacêutico e professor da pós de Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago de Melo, para combater as variantes, além de vacinas que sejam eficazes contra essas mutações, os protocolos de distanciamento social são necessários.
Segundo ele, pensando de forma coletiva, essa iniciativa é fundamental para desafogar os sistemas de saúde que ainda se encontram colapsados em muitas regiões do Brasil.
“Com menos Sars-CoV-2 circulantes, o impacto sobre as novas variantes mutantes também pode ser suavizado, afinal, com menos ‘casas’ para o vírus morar, menos chances de ele trocar seus códigos", disse ele, em recente entrevista à equipe de jornalismo do ICTQ.
Bianca Viana
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