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  06:25

Lula antecipa 2022 e inicia articulação eleitoral na esquerda

 

O ex-presidente Lula, líder intocável do PT, após seguidas entrevistas concedidas mantendo cautela ao falar sobre as eleições de 2022, decidiu adotar um tom com clima de eleição mais enérgico na oposição ao governo Bolsonaro e, além disso, vem organizando encontros com líderes da esquerda para se consolidar como candidato à presidência no ano que vem.

Lula admitiu pela primeira vez que sairia candidato contra Bolsonaro ainda em maio, ao conceder entrevista para a Revista Francesa Paris Match. Desde então, o já pré-candidato à presidência, iniciou tratativas com diversos partidos do campo de esquerda e também com politicos e aliados hístóricos de partidos de centro, como o MDB.

O encontro de Lula com o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cacique político do PSDB, tradicional opositor do PT nas últimas eleições, ascendeu um alerta no Palácio do Planalto para a capacidade de articulação do ex-presidente. FHC já declarou em outra oportunidade que embora apoie o nome de alguém do seu partido para as eleições, votaria no petista em um segundo disputado entre ele e o atual presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).

Com o Nordeste ainda se configurando como seu maior reduto eleitoral, Lula vem focando em criar palanques nos principais colégios eleitorais do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A ideia, segundo lideranças do PT, é criar uma frente ampla em torno da candidatura de Lula ao cargo majoritário, com a abdicação da indicação do partido na disputa pelos governos estaduais, com exceção dos Estados onde exista chance real de vencer.

Em São Paulo, é tida como natural uma candidatura do Psolista Guilherme Boulos com o apoio de Lula e dos partidos de esquerda, fazendo frente ao candidato imposto por Bolsonaro. No entanto, existe resistência por parte de alguns nomes do partido para que o PT indique o ex-ministro da educação, Fernando Haddad à concorrer o Governo de São Paulo.

Em Minas Gerais, terceiro maior colégio eleitoral em número de eleitores no Brasil, Fernando Haddad em 2018 perdeu no primeiro e segundo turno para Bolsonaro. No segundo, por uma diferença de 17%, cerca de 02 milhões de votos. Já visando o desgaste politico do presidente, apontado por todos os institutos de pesquisa até o momento, que apontam empate técnico entre os presidenciaveis, o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil, que pretende disputar o governo de Minas, vem acenando positivamente para uma aliança com Lula. O ex-presidente ainda não se reuniu com Kalil, mas colunas já apontaram Kalil até mesmo como possível vice na chapa do petista.

Já o Rio de Janeiro, principal pilar do nascimento e sustentação da base bolsonarista, foi palco de uma das maiores reuniões de cunho politico de Lula desde que conseguiu restituir os seus direitos de disputar cargos eletivos, através de decisão do Supremo Tribunal Federal. No encontro, estavam presentes a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os deputados Marcelo Freixo (PSB), Jandira Feghali (PcdoB), Alessandro Molon (PSB), entre outros politicos.

Nesta sexta-feira (11), Lula utilizou as redes sociais para divulgar um registro feito durante encontro com o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes (PSD), desejado pelo ex-presidente para formação de uma aliança para as eleições do próximo ano.

Enquanto Bolsonaro reforça os atos de rua na tentativa de manter os 30%, que aparecem como média nas pesquisas de intenção de voto, Lula antecipa as conversas e 2022. Quem terá adotado a melhor estratégia, o brasileiro só vai saber no próximo ano.

Alecio Rodrigues

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