“De um segundo para o outro, passamos da espera do fim do expediente para ir curtir o show da Marília Mendonça, para resgate da mesma e os demais que com ela estavam.” Esse é o trecho de um texto do soldado Johnn Leno, um dos bombeiros que participou do resgate do avião que vitimou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas.
Ao g1, ele contou que esse seria o segundo show que iria da cantora. O primeiro foi em 2016, em Caratinga. Segundo o militar, quando a esposa, Michelly Dias, ficou sabendo do evento, ficou louca para ir.
“Quando a gente ficou sabendo que viria outro [show] aqui [em Caratinga], minha esposa ficou louca. Eu até chamei um militar, que inclusive foi o primeiro a entrar na aeronave, para ele e a esposa dele irem com a gente”, contou.
Johnn Leno atendeu a uma das muitas ligações recebidas no quartel informando do acidente. Segundo ele, uma moça falou que havia caído um avião e que, aparentemente, as vítimas estavam bem.
“Eu trabalho no setor administrativo. Como muita gente deve ter ligado, o 193 estava ocupado e caiu no setor em que eu trabalho. Quando atendi, uma mulher disse que o avião tinha caído naquela hora. Perguntei se tinha fumaça, fogo, se tinha alguém vivo. Ela respondeu que não tinha fogo e nem fumaça, mas que tinha um cheiro muito forte de combustível. Disse ainda que, pelo que ela tinha ouvido falar, o pessoal estava bem”, falou.
Após o telefonema, Johnn contou que achava que era uma ocorrência para socorrer as vítimas ao hospital. Nas redes sociais, o militar publicou que durante o trajeto para o local onde aconteceu o acidente não sabia que se tratava da aeronave da cantora.
“A princípio deslocando para a ocorrência sem saber que se tratava do avião da mesma, ao tomar ciência da informação veio aquele choque”, disse.
‘Peguei ela no colo e senti o perfume’
Ao chegar no local, Johnn contou que ao ver que a aeronave não estava tão destruída, imaginou que as vítimas realmente estavam vivas. Perto da aeronave, o primeiro militar tentou falar com os passageiros, mas ninguém respondeu.
“Ele [o militar] adentrou lá, já começou a verbalizar, perguntando se tinha alguém vivo, foi aferir pulsação, ver se alguém estava respirando e ninguém respondeu. Como não podemos constatar o óbito, esperamos a chegada do médico do Samu”, relatou.
Durante os trabalhos, o militar que teve o primeiro contato falou a ele que parecia ter visto um corpo feminino e que poderia ser o de Marília Mendonça. Nesse momento, ele não conseguia acreditar.
“Eu queria acreditar que não era ela, que deveria ser alguém parecido. Eu estava no meio da cachoeira para poder receber os corpos e levar para a parte mais seca. Quando olhei e vi que era o rosto dela, pensei: ‘agora não tem como falar que não é ela’”, contou.
O militar já atendeu a outras ocorrências que tiveram vítimas fatais. Ele conta que são situações que sempre abalam, principalmente quando os familiares estão por perto. Mas atender ao acidente de Marília Mendonça foi ainda mais devastador.
“Quase todo dia de manhã, quando mexia em alguma coisa na casa, colocava a música dela para tocar. Aí você vai para uma ocorrência, sem saber que é ela, no meio do caminho vem aquela ideia que pode ser ela, aí você chega no local e confirma que é ela e você ainda ia no show dela. A minha cabeça não parou naquela hora. A ficha custou a cair”, disse.
O que mais marcou o militar durante o resgate da cantora foi o cheiro do perfume dela que ele sentiu.
“Eu até comentei com minha esposa que na hora que eu peguei ela [Marília Mendonça], eu senti um perfume bom que não vai sair da minha cabeça. Eu poderia ir no show, tira uma foto com ela e sentir o mesmo perfume, mas sentir ali, daquela forma, é uma situação que provavelmente não vai sair da cabeça”, concluiu.
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COM INFORMAÇÕES: G1
Bianca Viana
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