O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo (27) que o Brasil irá adotar um posicionamento neutro em relação à invasão russa à Ucrânia, pois não quer "trazer as consequências do embate para o país".
Ao ser questionado sobre o cerco que o exército russo faz na capital ucraniana, Kiev, Bolsonaro disse que é um "exagero falar em massacre" (leia mais abaixo). As declarações foram dadas durante entrevista coletiva à imprensa dentro do Forte dos Andradas, em Guarujá, no litoral de São Paulo, onde o presidente e sua comitiva estão hospedados para passar o feriado de Carnaval.
Em uma sala improvisada no local, Bolsonaro conversou por cerca de 30 minutos e respondeu perguntas de jornalistas.
A primeira versão desta reportagem dizia que Bolsonaro havia tido uma conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, neste domingo (27). A frase que levou os jornalistas de diversos veículos presentes à entrevista coletiva a essa interpretação foi a seguinte: "Estive há pouco conversando com o presidente Putin, mais de duas horas de conversa. Tratamos de muita coisa, a questão dos fertilizantes foi das mais importantes. Obviamente ele falou alguma coisa sobre a Ucrânia, eu me reservo aí como segredo de não entrar em detalhes da forma como vocês gostariam". Mais tarde, a Presidência da República esclareceu que Bolsonaro se referia à conversa que teve com Putin quando viajou à Rússia, em 16 de fevereiro.
"O mundo todo está conectado que o que acontece a 10 mil km influencia no Brasil", disse. "Nós temos que ter muita responsabilidade, porque temos negócios, em especial com a Rússia. O Brasil depende de fertilizantes".
O presidente também falou sobre o voto do Brasil na resolução da ONU. "Não tem nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin", garantiu. "O voto do Brasil não está definido e não está atrelado a qualquer potência. Nosso voto é livre e vai ser dado nessa direção [...]. A nossa posição com o ministro Carlos França é de equilíbrio. E nós não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá", defendeu o posicionamento.
Quando questionado se continuaria com discurso de neutralidade mesmo após o avanço das tropas russas por cidades da Ucrânia e possível mortes de civis, o presidente respondeu que "grande parte da população da Ucrânia fala russo". "São países praticamente irmãos. Um massacre de civis há muito tempo não se ouve falar. Não é tática de nenhum mundo fazer isso", respondeu.
Ao ser questionado sobre o cerco que o exército russo faz na capital ucraniana, Kiev, Bolsonaro disse que é um 'exagero falar em massacre'. "Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente, se aproximando da Rússia. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos para o Brasil", disse.
O presidente disse, ainda, que o povo "confiou em um comediante". "O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião", afirmou.
Bolsonaro defendeu o posicionamento neutro diante da guerra da Rússia contra a Ucrânia. "O mundo se preocupa com isso. Um conflito, ainda mais para a área nuclear, o mundo todo vai sofrer com isso aí. Então isso não interessa pra ninguém, seria um suicídio. Agora, nós devemos entender o que está acontecendo, no meu entender, nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível em busca da solução", disse.
Bianca Viana
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