Facebook
  RSS
  Whatsapp

  23:36

'Fui com a faca e dei o primeiro golpe muito forte', diz mãe de Izadora Mourão ao confessar o crime

Maria Nerci e o filho João Paulo Mourão são acusados de matar a advogada Izadora Mourão, no dia 13 de fevereiro de 2021. Eles são julgados pelo Tribunal do Júri, em Pedro II.

 FONTE: G1/FOTOS REPRODUÇÃO

A aposentada Maria Nerci voltou a confessar que matou a facadas a própria filha, a advogada Izadora Mourão, durante depoimento no Tribunal do Júri nesta quarta-feira (16), em Pedro II. A mãe e o filho João Paulo Mourão são acusados do crime ocorrido no dia 13 de fevereiro de 2021.

A audiência teve início às 7h30 e deve se estender por todo o dia. João Paulo foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e Maria Nerci foi indiciada como coautora do crime e por fraude processual.

Em depoimento, Maria Nerci contou que a filha chegou em sua casa por volta das 7h para tomar café da manhã. A advogada estava com dor de cabeça, tomou um remédio e foi se deitar na cama do irmão João Paulo Mourão.

Segundo a mãe, antes de dormir Izadora pediu dinheiro para pagar a prestação de um móvel e ao se recusar foi ameaçada pela filha.

Maria Nerci confessa que matou a filha Izadora Mourão durante depoimento em Pedro II — Foto: Reprodução

"A Izadora começou a me chamar de velha miserável e cardíarca. Ela falou que iria tomar as providências para cancelar minha aposentadoria. Eu pedi pra ela não fazer isso e perguntei do que eu iria viver e a Izadora me respondeu que não sabia. Em seguida tomou o remédio e foi se deitar", contou a acusada.

De acordo com Maria Nerci, João Paulo passou a noite fazendo trabalho da faculdade e mandou o filho dormir no quarto dela, porque Izadora estava dormindo na sua cama. A acusada contou que nesse momento foi até onde estava a filha e a mesma estava em sono profundo.

"Eu me lembrei que ela falou que ia me matar. Fui com a faca e dei o primeiro golpe muito forte e saiu bastante sangue. A Izadora tentou tomar a faca, mas continuei golpeando. Matei ela sozinha, sem ajuda", disse a aposentada.

A acusada declarou arrependida pelo crime, mas alegou ter agido em legítima defesa, e que não confessou o crime durante a prisão de João Paulo porque não teve coragem.

"Eu me arrependo do que eu fiz, mas se eu não tivesse feito, ela teria feito comigo", declarou.

NOTÍCIAS RELACIONADAS:

Advogada é assassinada a facadas dentro do quarto por mulher misteriosa em Pedro II

Corpo de advogada morta a facadas em Pedro II é sepultado sob forte comoção

Caso Izadora: Irmão é preso acusado de matar a Advogada

'Sou inocente', diz mãe da advogada Izadora Mourão sobre o assassinato e a prisão do filho pelo crime em Pedro II

Caso Izadora Mourão: noivo diz que as brigas eram constantes na família por causa de dinheiro

Mãe de Izadora Mourão é indiciada por homicídio triplamente qualificado da advogada em Pedro II

Mãe da advogada Izadora Mourão sofre acidente doméstico em Pedro II

Justiça recebe pedido para que mãe de Izadora Mourão use tornozeleira

Mãe e irmão acusados de matar advogada em Pedro II (PI) serão julgados no dia 23 de junho

IZADORA MOURÃO: MP pede quebra de segredo de justiça durante audiência do caso em Pedro II

Izadora Mourão: Justiça nega pedido de prisão domiciliar do irmão acusado pelo assassinato

Caso Izadora Mourão: Mãe e irmão serão julgados pelo crime nesta quarta-feira (16)

Acusada guardava faca

Maria Nerci informou ter o costume de guardar as facas da casa dentro do fogão e na última gaveta do armário. No julgamento, a acusada disse que usou uma faca branca para cometer o crime e depois lavou com água e sabão.

Ao ser questionada pelo promotor, a aposentada informou que lavou uma faca marrom e mandou para a casa da irmã, mas depois pediu para João Paulo pegar a faca e ele entregou ao advogado da família.

Mãe nega brigas entre os filhos

A acusada negou que Izadora Mourão era ameaçada e desconhece uma carta escrita por João Paulo para a irmã. Segundo ela, os filhos não brigavam e negou problemas por heranças.

"A única fez que João Paulo reclamou com Izadora foi porque ela apagou os contatos do celular do irmão. Ela não gostava das pessoas e fez isso", disse.

Autoria do crime

Advogada Izadora Santos Mouro, de 41 anos,  encontrada morta dentro de quarto em Pedro II  Foto: Reproduo

Advogada Izadora Santos Mourão, de 41 anos, é encontrada morta dentro de quarto em Pedro II — Foto: Reprodução

A primeira testemunha a depor foi Vanessa da Conceição Fabrício, prima da vítima. Em seguida, o agente João Paulo Moura, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o crime, foi ouvido no julgamento.

O agente João Paulo Moura, do DHPP, afirmou ser impossível que o crime tenha sido cometido apenas por Maria Nerci, como alega a defesa de João Paulo. "Pela dificuldade que ela tem de locomoção e pela força que a Izadora aparentava ter", disse.

A investigação apontou que a motivação para o crime foi a disputa pelos bens deixados pelo pai de Izadora e João Paulo, ex-marido de Maria Nerci. Tese acolhida pelo Ministério Público.

A testemunha disse que após separar-se do marido, Izadora quis ter mais participação na herança. "Pelo que percebemos, a mãe e o irmão estavam impedindo. Eles queriam vender um carro do pai e ela não queria", disse.

"Uma das mensagens que tinha no celular dela falava de um dinheiro que ela emprestou e que ele [João Paulo] precisava pagar dívidas do escritório dela, porque havia mandado fazer uns móveis", relatou o policial.

O namorado de Izadora, Marcos Antônio Viana, foi a terceira testemunha a ser ouvida. Depois dele, o Júri ouviu o depoimento da perita responsável pela perícia do caso e, em seguida, foi a vez do delegado Danúbio Dias prestar depoimento.

Polícia questiona versão da defesa

A Polícia Civil divulgou um vídeo animação e questionou a versão da defesa de João Paulo. O vídeo produzido indica que o advogado e a mãe, Maria Nerci, atuaram juntos no assassinato.

O delegado Francisco Barêtta, coordenador do DHPP, disse que o crime foi premeditado e que a negativa da participação de João Paulo é uma estratégia da defesa já que a mãe possui mais de 70 anos e, se condenada, deve ter a pena reduzida em função da idade, conforme previsto no código penal.

"A sociedade de Pedro II tem que saber a responsabilidade que eles têm de mandar esses indivíduos para a cadeia. Porque é um crime hediondo, um crime repugnante que não pode ficar impune. Não pode haver só uma cobrança em cima da polícia. A responsabilidade é de todos, segurança é um direito de todos e um dever do estado", disse o delegado Barêtta.

Para o promotor Márcio Carcará, as provas produzidas pela Polícia Civil indicam que mãe e filho participaram tanto do assassinato como do planejamento do crime. Segundo o promotor, Izadora foi assassinada por conta de uma disputa pelos bens deixados pelo pai dela e João Paulo, ex-marido de Maria Nerci.

FONTE: G1 PIAUÍ

Bianca Viana

Mais de Brasil