Quatro pessoas foram prensas entre ontem e hoje, suspeitas de envolvimento no assassinato a tiros do prefeito Marcelo Oliveira (União Brasil) e do pai ele, Sandi Oliveira, no município de João Dias, no estado do Rio Grande do Norte. O crime aconteceu na última terça-feira (27).

As primeiras duas prisões ocorreram ainda na noite da terça, na zona rural de João Dias. Um dos homens, que estava armado com uma espingarda, é apontado como um dos executores das vítimas. Uma arma e munições foram encontradas no carro em que ele estava. O outro preso é um taxista que estaria auxiliando o homem e os comparsas na fuga. No táxi, além dos dois presos, estavam mais dois suspeitos, que conseguiram fugir do cerco policial.

Os outros dois suspeitos foram presos entre a noite de ontem e a manhã desta quinta. Um foi preso na cidade de Antônio Martins - RN (foto abaixo), na noite dessa quarta-feira, após moradores afirmaram ter visto um homem em atitude suspeita e acionar a polícia. Na abordagem ao homem, os policiais constataram que ele estava armado com uma pistola e possuía mandado de prisão em aberto.

Já o quarto suspeito foi encontrado e preso na manhã desta quinta-feira (29) em uma van de transporte de passageiros, em uma estrada entre as cidades de Pilões e Alexandria-RN.

Dez pessoas presas por buscar vingança

A polícia deteve outras 10 pessoas ainda na terça-feira (27), dia do crime, por tentar vingar a morte do prefeito. Entre elas, havia três policiais militares (dois do Rio Grande do Norte e um do Ceará), além de um dos irmãos do prefeito morto.

O grupo estava em dois carros e foi flagrado com 13 armas de fogo, inclusive fuzis. A polícia acredita que eles buscavam vingar a morte do prefeito e do pai dele.

Como foi o crime?

Marcelo Oliveira (União Brasil) era candidato à reeleição e, junto do pai, visitava casas de apoiadores no fim da manhã de terça-feira (27), por volta das 11h, no conjunto São Geraldo, em João Dias. Segundo a polícia, cerca de oito criminosos distribuídos em dois veículos chegaram repentinamente ao local e atiraram contra os dois. Um segurança do gestor também foi baleado.

O pai do prefeito morreu na hora. Marcelo chegou a ser socorrido e deu entrada com vida em um hospital de Catolé do Rocha, na Paraíba, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, ele foi atingido por 11 disparos de arma de fogo.

FAMILIARES DA VICE-PREFEITA, TAMBÉM CONDENADA PELA JUSTIÇA, JÁ FORAM MORTOS E PRESOS POR VÁRIOS CRIMES

A história política de João Dias, no estado do Rio Grande do Norte, é marcada também pela historia policial de quadrilhas de trafico de drogas metidos na vida pública.

Damária Jácome venceu a eleição de 2020 como vice-prefeita do prefeito Marcelo Oliveira, assassinado agora. Ele renunciou ao cargo em julho de 2021 alegando extrosão e pressão da família de Damária e ela assumiu a gestão. Em outubro de 2022 e justiça mandou Marcelo reassumir o governo.

Enquanto era prefeita, Damária teve dois irmãos mortos em troca de tiros com a polícia e mais dois presos, ambos por tráfico de drogas. O pai de ambos, Laete Jácome de Oliveira, também foi afastado da presidência da câmara de vereadores por crime de extorsão contra o próprio prefeito morto. Damária também foi afastada do cargo de prefeita e, consequentemente, de vice-prefeita pelo mesmo crime, mas já registrou o nome para concorrer à prefeitura. 

Filha e pai: na política e no crime

Em 19 de outubro de 2021, os irmãos de Damária Jácome, que era a prefeita, morreram em uma troca de tiros com a polícia na Bahia. Deusamor e Leidjan Jácome de Oliveira, de 38 e 37 anos, (foto abaixo) respectivamente, ocorreram na cidade de Barras-BA durante uma operação contra o tráfico de drogas. A então prefeita chegou a decretar luto em João Dias por três dias.

Outros dois irmãos da então prefeita foram presos. José Romeu de Oliveira Jácome, de 35 anos, foi detido na mesma operação que os irmãos foram mortos e Samuel Jácome de Oliveira, havia sido preso quando ela ainda era a vice, em 25/06/2021, após ter sido encontrado pela polícia em Aracaju-SE. Ele é considerado pela polícia como traficante intencional de drogas e o líder de um núcleo familiar de criminosos, que como se ver, estava atuando, além do trafico internacional de drogas, também na política da pequena cidade de João Dias.

Em dezembro de 2022 a vice-prefeita Damária Jácome e o pai, Laete Jácome de Oliveira, com 68 anos hoje, tiveram prisões decretadas. O pai chegou a ser preso na operação Omertà, que apurava o crime de extorsão, seguido de lavagem de dinheiro pela família, mas a, agora ex-vice-prefeita, foragiu e não chegou a ser presa.

Mesmo com todas as acusações, prisões, retiradas do cargo,