A Igreja Matriz de Nossa Senhora das Mercês, em Jaicós, a 364 km de Teresina, foi interditada no último dia 9 de dezembro devido a uma infestação de cupins e ao risco de desabamento do teto. A igreja foi construída entre 1833 e 1839 e tombada pela Secretaria de Cultura do Piauí (Secult) em 1988.
Além dos cupins, o templo também sofre com infiltrações, segundo os moradores da cidade. Em um dos corredores, uma linha de madeira do forro começou a ceder e comprometer o teto. Uma equipe da Secult visita o local nesta terça-feira (17) e vai elaborar um laudo técnico para comprovar a situação do prédio.
De acordo com a Paróquia de Nossa Senhora dos Mercês, a interdição é uma medida preventiva para proteger os fiéis. A última reforma na igreja foi feita em 2019, durante a qual houve manutenção da cobertura, pintura das paredes, ampliação e restauração da calçada no entorno e reparos na fachada e em portas, janelas e fechaduras.
Como o templo é tombado pela Secult, a pasta precisa autorizar novas obras. Ao g1, o coordenador de Patrimônio Histórico da secretaria, Ismael Bezerra, afirmou que o órgão foi acionado e realiza uma vistoria no local para determinar as medidas a serem adotadas. O bispo de Picos, Dom Plínio Luz, também visita a igreja nesta terça.
“A responsabilidade é da diocese, mas como é uma igreja centenária, a gente tem um cuidado especial. Vamos fazer um laudo técnico para comprovar a situação da cobertura. Provavelmente faremos uma reforma emergencial para voltar o funcionamento e, posteriormente, um processo mais longo de restauração”, destacou o coordenador.
Enquanto a matriz está interditada, as missas estão sendo celebradas na Igreja de São Judas Tadeu, a pouco mais de 1 km, no bairro Serranópolis.
Devoção à Virgem das Mercês
Um século antes da construção da igreja matriz, os frades da Ordem dos Mercedários, uma ordem religiosa dedicada a Nossa Senhora das Mercês, construíram a primeira capela dedicada a esse título de Maria, mãe de Jesus Cristo, em Jaicós.
O historiador Ivo Farias explicou ao g1 que os religiosos contaram com mão de obra indígena e levantaram a capela em 1723. No mesmo ano, o primeiro festejo em honra à padroeira da cidade foi realizado e continua sem interrupção até hoje.
“Cem anos depois, a nova igreja foi construída pelo padre Marcos de Araújo Costa, neto do [colonizador e capitão da Coroa portuguesa] Valério Coelho Rodrigues. Lavradores e agricultores construíram e ele trouxe o galo de Portugal e colocou em cima da torre”, contou o historiador.
Desde então, a relação entre os fiéis da cidade e a igreja matriz é marcada por fé e devoção. Uma imagem de Nossa Senhora das Mercês entronizada no templo foi fruto de uma promessa feita por uma fazendeira, conforme relatos populares.
Ivo Farias contou que a fazendeira de Jaicós não conseguia engravidar e prometeu a Maria que doaria uma imagem dela ao templo se tivesse um filho. Assim que ela concebeu a criança, foi buscar a imagem na Bahia e recebeu a ajuda de bois doados por outros fazendeiros para a viagem.
Antes da reforma de 2019, feita pela Secult, o professor lembrou de outra ocorrida em 1987, quando a igreja fez um resgate da origem arquitetônica de sua construção.
“A nossa comunidade está pedindo a reforma às autoridades competentes, que olhem o mais rápido possível para a nossa igreja. Aqui as missas são celebradas desde 1833”, ressaltou o historiador.
Fonte: G1
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