O brasileiro Dante Farinello Cardoso, 43, está preso na cidade indiana de Varanasi há 26 meses sob acusação de ter fraudado documentos para sair do país. A Suprema Corte indiana rejeitou no início do mês (7) recurso apresentado contra a detenção pelo advogado do brasileiro, que corre agora o risco de passar mais três anos na prisão. Na última cartada pela liberdade do rapaz, o advogado vai agora pedir a anulação de todo o processo.
Cardoso é tatuador e natural de São Paulo, mas residia desde 1996 em Santa Catarina. Após a morte dos pais em 2002, ele e sua irmã, a terapeuta holística Ana Paula Farinello Cardoso, 41, começaram a viver de rendimentos do aluguel de imóveis herdados. O tatuador passou então a viajar por longos períodos de tempo pelo mundo. Entre 2000 e 2007 viveu entre Itália e Reino Unido. Durante esta época viajou também à Tailândia e à Índia, além de ter vivido por cerca de um ano na Indonésia.
O retorno à Índia, em 2008, no entanto, despertou paixão pelo país. O brasileiro chegou em setembro daquele ano por Calcutá com um visto de turista de seis meses. Pouco antes de o visto vencer, viajou por via terrestre a Katmandu, capital do vizinho Nepal. Lá, os arquivos oficiais mostram que ele obteve um novo visto de turista para a Índia, dessa vez com validade de apenas três meses. O documento foi utilizado para entrar em território indiano em julho de 2009, permitindo que Cardoso permanecesse no país até outubro daquele ano.
No julgamento contra Cardoso, obtido pelo UOL, a acusação aponta que, em 2010, o tatuador se casou com uma indiana sob sugestão de um guru chamado Sanjay para ajudar na regularização de sua situação migratória do tatuador. A acusação, no entanto, não questiona a legalidade do casamento, e a irmã de Cardoso, Ana Paula, se recusou a comentar o assunto.
Contudo, baseado no casamento, Cardoso pode converter seu visto de turista vencido em um visto de entrada do tipo "X" em 14 de junho de 2010 —oito meses após o vencimento de sua permissão anterior de estadia.
Nenhuma das pessoas ouvidas pela reportagem soube esclarecer porque o brasileiro deixou de renovar seu visto "X" e permaneceu sem autorização em território indiano por quase quatro anos—entre o fim de 2010 e sua prisão em setembro de 2014. Nesse intervalo, ele começou a namorar a brasileira Tainá Palheta, com quem viajava pela Índia antes de ser preso.
De acordo com Ana Paula e com as declarações de Cardoso constantes no processo, Dante contratou na cidade de Manali, no norte da Índia, os serviços de um cidadão sul-africano a quem chamavam de "Bu", ligado a uma agência de viagens, com o objetivo de regularizar os documentos de viagem com objetivo de voltar para o Brasil com Tainá.
Fonte: UOL
Por Helder Felipe
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