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  02:40

Setembro amarelo. Suicídio: o ato final

O dia 10 de setembro é a data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o Dia de Prevenção ao Suicídio.

 Campanha é feita em todo o mundo

O suicídio é um tema tabu não apenas entre a população em geral, mas também entre os profissionais de saúde. Tem-se feito esforços para trazer à luz um tema que incomoda e traz desconforto, de forma geral. Na verdade, da perplexidade à crítica, não se consegue ficar indiferente a esse tipo de morte, encarada tanto como ato corajoso quanto covarde, e como pecado nas religiões judaica, cristã ou islâmica, cujos dogmas não aceitam que o homem tire a própria vida, seja por que motivo for. Mas, com o aumento de ocorrências, a discussão passou da esfera religiosa para as leigas, como medicina e psicologia.

 

Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um levantamento global que indica que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, estatística estimada porque há países que não apuram esse assunto. De qualquer forma, o suicídio causa mais mortes que as guerras e os desastres naturais juntos. No ranking, o Brasil ocupa o 8º lugar (em termos absolutos), atrás de Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia e Paquistão. Vale assinalar que o número de suicídios no país aumentou 10% em 10 anos. Ao contrário do que se imaginava, ele ocorre em maior número nos países emergentes e pobres, não nos escandinavos.

 

Mas o que induz o indivíduo a desistir de forma tão definitiva de tudo? Claro que ele é levado a um ato tão extremo por estar vivendo uma situação que se lhe apresenta como irremediável, com uma sensação de desespero e desesperança. A dor emocional reverbera no corpo, a vida parece cinza e sem sentido e tudo ao redor perde a graça. A sensação é de que se chegou a um beco sem saída, não há para onde ir nem o que fazer, e que ninguém é capaz entender que se está no fundo do poço. As questões políticas e econômicas não determinam, mas podem contribuir para o suicídio, pois depressão por perda de emprego e dificuldades, em épocas de recessão, responde por alguns casos. Outros fatores de risco são diagnóstico de doenças degenerativas ou incuráveis, rompimento de relacionamento amoroso e luto, além de doença psiquiátrica preexistente.

 

Idosos e jovens com idade entre 15 e 16 anos são a parcela da população mais vulnerável. Os primeiros, por solidão, resultante da perda do cônjuge ou pessoa significativa próxima, doença incapacitante e dolorosa, abandono ou por se sentir um peso para a família. Os segundos sofrem pressão da família e da sociedade, por desempenho, e do grupo, para se conformar aos padrões estéticos e de comportamento considerados legais por seus pares. Acrescente-se a isso uma sociedade cada vez menos solidária e mais competitiva, desilusões, falta de rede de apoio, aumento do consumo de álcool e drogas, depressão e transtorno bipolar e está completo o quadro que pode levar a uma decisão sem volta.

 

A prevenção do suicídio depende da atenção que se dá ao indivíduo que mostra sinais de estar pensando em cometê-lo. Mudanças radicais e bruscas de comportamento, afastamento de familiares e amigos, abandono de atividades sociais, indiferença às responsabilidades diárias, adoção de atitudes de risco, alteração no sono e na alimentação são os sinais de alertas dados. É preciso encarar o suicídio sem julgamentos de valor sobre a pessoa, pois ela sucumbe exatamente por não ter seus sentimentos validados. Afinal, quando alguém fala em suicídio, está verbalizando sofrimento e não fraqueza moral.

 

Nota da página: 10 de setembro o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Para dar ainda mais visibilidade a esse grito de alerta em favor da vida, a Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio (IASP) lançou o movimento Setembro Amarelo, que tenta associar esta cor à causa da prevenção do autoextermínio. A ideia é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas resoluções por aí.

 

Por Maria Cristina Ramos Britto. http://mariacristinapsicologa.blogspot.com.br/. Psicóloga com especialização em terapia cognitivo-comportamental, trabalha com obesidade, compulsão alimentar e outras compulsões, depressão, transtornos de ansiedade e tudo o mais que provoca sofrimento psíquico. 

Da Redação. campomaioremfoco@hotmail.com

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