epois de ganhar aval do Ministério Público do Trabalho para voltar a disputar competições oficiais de futebol, o Caiçara solicitou à Federação de Futebol do Piauí (FFP) o retorno à Série A do Campeonato Piauiense. A vontade dos alvirrubros, no entanto, esbarrou nas sanções impostas pela entidade. Os dirigentes do Leão de Campo Maior se reuniram com o presidente da FFP, Cesarino Oliveira, em Teresina, para pedir o fim da punição que promete afastar o clube por dois anos por não comparecer a dois jogos do estadual do ano passado. O clube quer provar judicialmente que o banimento foi ilegal.
- A situação do Caiçara é a seguinte: até o dia de ontem não tinha sido revogada a decisão de que determina a participação do clube no estadual. Até ontem pela manhã eu estive na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT) e ainda era válida. Essa decisão do procurador do trabalho ainda não chegou até nós, e ele não está determinando participação em campeonato. Ele não pode fazer isso. O campeonato tem suas regras e precisam ser cumpridas – destacou Cesarino Oliveira.
A reunião entre dirigentes na sede da FFP contou com a presença de Francisco Ispo, presidente do Caiçara, o advogado Gabriel Pierot, advogado do clube, e Cesarino Oliveira, presidente da federação. No encontro foi discutido o despacho do MPT que autoriza o Leão a retomar às disputas em competições de futebol.
A autorização concedida ao Caiçara foi assinada pelo procurador Ednaldo Brito e não exime o clube do pagamento das multas estipuladas, mas concede o direito de disputar competições locais a partir de 2018. O clube teve suas atividades suspensas pela Justiça do Trabalho por conta de débitos relacionados à multa por suposta exposição de jogadores à condições análogas à escravidão. A diretoria alvirrubra negou a denúncia à época.
- A gente expôs na reunião com Cesarino que o Caiçara não tem mais nenhuma punição do Ministério Público do Trabalho, que autorizou o clube a participar do estadual de 2018. Essa portaria da federação de suspensão do Caiçara por dois anos é nula e ilegal. Foi feita totalmente de forma arbitrária. Só quem pode suspender um clube é decisão homologada pela Justiça Desportiva. O Caiçara por meio desse requerimento pediu uma revisão desse ato da federação. Demos a oportunidade deles de reverem uma decisão ilegal, só que ele (Cesarino) manteve a decisão e disse que ia aguardar a decisão do Tribunal – destacou Gabriel Pierot, advogado do Leão.
O Caiçara viveu, há poucos anos, um período de intensa instabilidade administrativa. Presidente do clube há mais de duas décadas, Francisco Ispo foi acusado de práticas irregulares na eleição presidencial para o biênio 2016/2017. O dirigente foi reeleito para mais um mandato, e a chapa encabeçada por ele foi a única inscrita no pleito, processo questionado pela oposição liderada por Dílson Trindade. O impasse se arrastou durante meses e chegou a cancelar um arbitral da FFP, no fim de 2015, quando os dois compareceram à sede da entidade se apresentando como legítimos presidentes do clube. A FFP chegou a ameaçar o clube de rebaixamento caso a situação não fosse solucionada.
Em novembro de 2016, o juiz da 2ª Vara da comarca de Campo Maior, Leandro Emídio Lima, nomeou Luciano Benigno, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí (TJD-PI), como presidente interino do Leão para que fosse realizado um novo pleito. Durante esse período de ebulição, o time caiçarino sofreu dentro de campo. Sem salários, os jogadores não compareceram a dois jogos do estadual daquele ano, e o Leão foi penalizado pela FFP. No início deste ano, uma nova eleição foi feita, e Ispo prolongou o mandato.
A gente pediu administrativa que ele reconsiderasse a decisão de exclusão do Caiçara. É cabível uma conversa amigável, mas Cesarino não quer conversa. Eu sugeri a ele fazermos um campeonato mais regional porque temos o menor do Nordeste. Vamos correr atrás do TJD-PI. Vamos pedir ao presidente do TJD-PI para que ele faça um manifesto ou dê alguma certidão que não há pendência do Caiçara. Se isso sair, a gente vai entrar com uma liminar pedindo a entrada do nosso clube no estadual – declarou Francisco Ispo.
Firme na decisão de manter o afastamento do clube de Campo Maior, Cesarino Oliveira enfatizou que a única alternativa de retorno do Leão à elite será na disputa da Série B do estadual em 2018.
FONTE: Globo Esporte
Por Rafael Melo
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