O número de mortos nos atentados de domingo de Páscoa no Sri Lanka subiu para 290, informou a polícia local nesta segunda-feira (22). Cerca de 500 pessoas ficaram feridas nos ataques que atingiram três igrejas e quatro hotéis no domingo de Páscoa.
Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques, mas o governo atribui as ações ao grupo National Thowheeth Jama'ath (NTJ). Porém, o governo acredita que os ataques tenham sido realizados com a ajuda estrangeira, por isso, vai pedir ajuda externa para rastrear as ligações internacionais. Até o momento, 24 pessoas foram detidas.
O presidente Maithripala Sirisena, que estava no exterior quando os ataques aconteceram, declarou estado de emergência no país a partir de meia noite desta segunda. A medida concederá à polícia e aos militares amplos poderes para deter e interrogar sem ordem judicial.
Ataques
Oito explosões foram registradas na capital do Sri Lanka, Colombo, e nas regiões de Katana e Batticaloa por volta das 8h45 (0h15, no horário de Brasília) de domingo (21).
Entre os alvos estavam três igrejas, onde aconteciam as missas da Páscoa. Os hotéis cinco-estrelas Shangri-La, Kingsbury, Cinnamon Grand e um quarto hotel, todos em Colombo, também foram atingidos. Uma explosão ainda foi registrada em um complexo de casas.
Autoridades dizem que maioria das explosões foram ataques suicidas. As autoridades do Sri Lanka temem por trás dos ataques estejam militantes do Estado Islâmico que retornaram do Oriente Médio.
Ainda no domingo, a Força Aérea do país disse ter encontrado mais um explosivo caseiro, que foi removido, em uma área próxima ao principal aeroporto de Colombo.
Horas mais tarde, outras duas explosões ocorreram durante buscas da polícia por suspeitos: uma perto do zoológico, no sul de Colombo, e outra no distrito de Dematagoda, que deixaram três policiais mortos.
Bloqueio de redes sociais
O governo do Sri Lanka bloqueou o uso de redes sociais após os ataques. Estão fora do ar Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube, Viber, Snapchat e Facebook Messenger, de acordo com a rede de monitoramento NetBlocks.
Autoridades disseram no domingo (21) que iriam bloquear temporariamente as redes para evitar a disseminação de notícias falsas e acalmar tensões durante o período de investigações. Elas temem que boatos alimentem discursos de ódio e gerem mais violência.
O governo também impôs um toque de recolher das 18h às 6h (horário local).
Segundo a Netblocks, esta não é a primeira vez que o governo do Sri Lanka bloqueia redes sociais, o que aconteceu também durante episódios de violência registrados em março de 2018.
Ainda de acordo com a rede, muitas pessoas reclamam porque, sem acesso às redes, não conseguem obter informações sobre parentes e amigos para saber se estes estão bem após os ataques.
Ivan Sigal, diretor executivo do Global Voices, uma organização de advocacia digital e jornalismo ouvido pelo "New York Times", ressalta que o bloqueio não é totalmente efetivo porque as pessoas podem usar redes privadas virtuais (VPNs, na sigla em inglês) para burlar a proibição.
Mas, ainda de acordo com Sigal, os cidadãos mais pobres, justamente aqueles que mais dependem das redes sociais para se comunicar com familiares à distância, não têm acesso fácil às VPNs e serão os mais prejudicados pelo bloqueio.
Fábio Wellington
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