Os terceirizados que trabalham nos serviços de limpeza e maqueiros no Hospital Getúlio Vargas, o maior do estado, informaram nesta quinta-feira (25) que estão sem trabalhar há 24 horas porque os tickets alimentação e salários estão atrasados há quatro meses.
“Não é aumento que queremos, pedimos que botem nosso salário em dia, pelo menos dois meses, pra gente conseguir respirar das dívidas, ficamos pedindo dinheiro emprestado pra um e outro, os filhos pedem o que comer e não temos o que dar. Somos seres humanos, o salário de todos está em dia, só não dos terceirizados, somos iguais a todos”, afirmou um dos trabalhadores, que não quis se identificar, por medo de represálias.
“A empresa diz que não paga salário, férias, 13º salário e ticket alimentação há quatro meses, porque o estado [Wellington Dias] não repassa. E todos os setores estão parados na área de limpeza, além dos maqueiros. Eles dizem que está tudo funcionando, mas como está, se estamos parados?”, questiona outro servidor.
“Estou acompanhando minha filha de 4 anos e o banheiro está imundo, muita sujeira no quarto. Eles têm que pagar, porque os pacientes vão morrer é de bactérias, com tudo sujo. Se isso prejudica adultos, imagine as crianças e quem trabalha lá”, disse Francisca Dejane, mãe de uma paciente.
A categoria afirma que os trabalhadores com salários atrasados são aqueles das empresas Limpel e Mutuaal. Os trabalhadores disseram ter sido informados de que as empresas não estão pagando os salários porque o governo do estado não fez o repasse. O HGV informou apenas que o serviço não está deixando de ser realizado e a Sefaz informou que já quitou os débitos com as empresas.
Ameaça de demissão
Além da situação, os servidores que decidiram parar os serviços afirmaram sofrer pressão psicológica e assédio moral, com ameaça de demissão, caso não voltem ao trabalho.
“A coordenação coloca o nome da gente em uma lista e manda pra empresa. Não se faz isso, estamos aqui com seriedade, não estamos brincando, mas pedindo que respeitem nossos direitos. Trabalhamos e queremos receber, somos perseguidos e ameaçados de demissão”, afirmou.
Outro local com servidores sem receber é o Departamento de Trânsito (Detran), mas os trabalhadores informaram que continuam indo trabalhar por medo de demissão.
A categoria diz de que uma parte dos trabalhadores foi demitida no fim de 2018 e que hoje há apenas 30 terceirizados no local. O salário, no órgão, está atrasado desde fevereiro, mas os serviços estão mantidos.
O representante do Sindicato Limpeza e Conservação, Thiago Reis, informou que são mais de 1.600 funcionários afetados com o atraso de salário no Piauí. Ele disse ainda que houve uma negociação entre governo e empresa, mas que não foi repassado aos trabalhadores.
Ele destacou ainda que devido a esse problema há vários lugares com seus serviços paralisados: UESPI , Junta Comercial, HGV, Maternidade Evangelina Rosa, Hospital Infantil, Hospital Militar e Farmácia de Medicamentos Excepcionais do Piauí.
Outro lado
O HGV informou que, mesmo com a paralisação, os serviços estão sendo realizados, com prioridade para os locais com pacientes graves.
Leia a íntegra da nota:
A direção do Hospital Getúlio Vargas (HGV) informa que com a paralisação dos terceirizados, os serviços essenciais têm sido mantidos, com 30% do pessoal trabalhando, dando prioridade às Clínicas com pacientes graves, UTI, Hemodinâmica, Hemodiálise e Centro Cirúrgico. O HGV é o maior hospital público do Estado e não pode paralisar suas atividades. Diariamente realiza cerca de 40 cirurgias e 800 atendimentos ambulatoriais.
A Secretaria de Fazenda afirmou, em nota, já ter regularizado os pagamentos.
A Secretaria de Fazenda informa que negociou os débitos com todas as empresas de terceirizados e está cumprindo com o que foi acordado.
A empresa Mutuaal informou ao G1 que os salários estão de fato atrasados por falta de repasses do governo, que já negociou com a Sefaz, mas os pagamentos não foram feitos ainda. A empresa Limpel ainda não se pronunciou sobre o problema.
Da Redação
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