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  22:54

Bebês são devolvidos aos pais biológicos após DNA comprovar a troca no Hospital

 Fonte e foto: G1

Os bebês José Miguel e Murillo Henrique, que haviam sido trocados após o nascimento no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), em 9 de julho, foram devolvidos aos seus pais biológicos nesta quinta-feira (dia 1º), após a divulgação dos exames de DNA que comprovaram a troca.

Segundo as investigações iniciais da Polícia Civil, os meninos foram entregues às mães erradas logo após o primeiro banho deles.

O casal Aline Alves e Murillo Lobo foi o primeiro a chegar com um dos bebês à delegacia de Trindade, onde oficialmente foi divulgado o resultado do DNA. Em seguida, apareceu o casal Pauliana Maciel e Genésio Vieira, com o outro.

A devolução aconteceu por volta das 19h desta quinta e foi marcada por muita emoção de Aline e Pauliana. As duas choraram muito e foram amparadas por familiares. Os maridos pegaram os bebês dos braços de suas respectivas esposas e, em seguida, entregaram às mães biológicas. Depois, foram até uma sala para concluir os procedimentos legais.

Nos últimos dias, as duas famílias estavam morando juntas na casa de Pauliana, em Trindade, para facilitar a transição e eventual devolução dos bebês, caso o exame de DNA apontasse que de fato havia ocorrido a troca. Uma mãe estava ajudado a outra nas tarefas com os dois meninos.

“Com o DNA, não há mais dúvida do erro, e foi feita a destroca. Mas isso não encerra nosso trabalho. Vamos ouvir mais pessoas. Um dos bebês chegou a ser registrado, então isso ainda precisa ser cancelado. Mas nossa preocupação agora é com o psicológico dessas famílias”, disse a delegada Renata Vieira.
Após a abertura do resultado dos exames, o delegado André Fernandes comentou sobre o suporte que dever ser dado às famílias.

“Desde o início, nossa preocupação foi com a parte emocional dessas famílias. Uma das avós disse que que o sentimento é como o de um velório. Agora, vamos continuar dando o apoio a essas famílias e seguindo com a investigação”, afirmou Fernandes.

Irmã de Aline e tia de uma das crianças, Amanda Fátima Bueno comentou: “Vamos assimilar a situação. Agora temos dois bebês. O amor não divide, multiplica”.
Por volta das 19h50, os casais saíram com os bebês da delegacia.


"Foi um sentimento de alívio e perda. Hoje, cada família vai para sua casa com seu filho biológico. Mas eles vão continuar convivendo. Porque as mães têm amor pelas crianças, mesmo não sendo biológicos, mas foi um sentimento muito forte”, disse o advogado Sérgio Flausino.
Murilo e Aline moram em Santa Bárbara de Goiás, a 27 Km de Trindade, mas devem passar a noite desta quinta na casa de parentes em Goiânia.

A assessoria do Hutrin informou "que foi a instituição que passou à autoridade policial os resultados dos exames de DNA". Afirmou ainda que "não iria mais comentar o assunto por considerá-lo encerrado, cabendo a polícia relatar quem de fato foi responsável pela troca dos bebês".

A suspeita de que algo estava errado partiu de Genésio e Pauliana. Segundo o advogado deles, Alaor Mendanha, o casal percebeu que o bebê não se parecia com eles e fez, por conta própria, um exame de DNA, que comprovou que o recém-nascido não era filho biológico de nenhum dos dois.

O casal registrou o caso na Polícia Civil. A suspeita da troca se espalhou rapidamente. Assim, Aline e Murillo, que tiveram filho na mesma data e que estavam no mesmo quarto, procuraram a delegacia.

O Hutrin reconheceu inicialmente a troca e informou que passou a manter contato com as famílias. No entanto, funcionários da unidade que prestaram depoimento nesta quarta-feira (31) negaram que tenham cometido qualquer erro que pudesse ter levado à troca dos bebês.

Investigação
A Polícia Civil começou a investigar o caso assim que foi registrado na delegacia de Trindade. Segundo a delegada Renata Vieira, responsável pela apuração, ao que tudo indica, as pulseiras de identificação, com o nome das mães, estavam corretas, mas os bebês tinham sido colocados por uma funcionária da maternidade em berços ao lado das mães erradas. A polícia também acredita que as roupas dos recém-nascidos foram trocadas.

As três funcionárias que foram ouvidas pela Polícia Civil disseram em depoimento que não acreditam que o hospital tenha culpa no caso, porque a equipe segue um sistema padrão para assegurar que problemas como esse não ocorram.

Com o resultado do exame e com o depoimento das três funcionárias, a delegada disse que vai avaliar se há necessidade de ouvir outros funcionários da equipe, que tinha 15 profissionais atuando no dia do plantão em que os meninos nasceram.

A delegada Renata Vieira contou ainda que trabalha com a investigação baseada no Art. 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê penalidade para quem não identificar corretamente o bebê e a mãe após o parto.

“Trabalhamos com a hipótese de ter sido culposa a troca [quando não há intenção]. Após a conclusão da investigação, vamos enviar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) sobre o caso à Justiça”, disse a delegada, explicando que o TCO é um "registro de um fato tipificado como infração de menor potencial ofensivo".

A polícia também esperava analisar imagens de câmeras. Porém, nesta terça-feira (30), Renata Vieira recebeu a informação do Hutrin que as imagens de câmeras da maternidade não estão mais disponíveis, já que ficaram armazenadas por dez dias e depois foram automaticamente apagadas.

Como a troca dos bebês teria ocorrido

  • Os bebês José Miguel e Murillo Henrique nasceram no dia 9 de julho no Hutrin;
  • As investigações apontam que os partos dos dois ocorreram entre 15h20 e 15h40;
  • As duas mães, Aline e Pauliane, foram encaminhadas à mesma enfermaria;
  • Os bebês foram levados para primeiro banho, e depois disso, provavelmente, houve um erro, e a roupa de um foi vestida no outro;
  • Até então, as pulseiras de identificação, com o nome das mães, estavam corretas – apenas as roupas é que estavam invertidas;
  • Os bebês teriam sido colocados por uma funcionária da maternidade em berços ao lado das mães erradas;
  • As duas pulseiras de identificação se soltaram. Uma caiu no chão, e então uma das avós percebeu que o nome escrito na pulseira não era o da filha;
  • Segundo delegada, uma funcionária explicou às famílias que as pulseiras poderiam ter sido trocadas na hora do banho, mas que os bebês estavam com as mães certas;
  • Três funcionárias que estavam trabalhando no dia do parto negam ter trocado os bebês.

Redação em Foco

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