PRIMEIRO DIA DAS MÃES SEM A SENHORA, MAMÃE
Primeiro dia das mães sem a senhora, mamãe. Duro... Massacrante e insensato destino que nos separou quando tinha o que de melhor pra lhe mostrar, a sua bisnetinha Alice. A senhora partiu sem vê-la, sem dar a sua benção (ato tão importante pra senhora), sem pegá-la com suas mãos seguras e certamente beijá-la com a sua maneira própria de querer bem.
A senhora partiu numa viagem onde o seu passaporte foi um calvário, gólgota de dor interminável e subumano, onde os reflexos se estenderam até o íntimo do meu ser e de certa forma, puniram-me com profunda dor no peito.
Sua alma passeia horas a fio no lar tão pouco desfrutado. Seu jardim, já sem viço onde as plantas perdem paulatinamente a sua cor, ressente-se de sua presença. A sala de jantar onde fazia suas refeições, vazia se encontra: sem ceia e ansiosa por vê-la numa impossível volta. Os cômodos onde cuidadosamente caminhava, vive uma insônia crônica desde sua partida.
O seu olhar na despedida, o sorriso triste com a tênue esperança da volta ficou estampado em fotografia gigantesca em minha mente que não a esquece.
Que vazio mãe!!! Dor inexplicável que desafia a inexorável cronologia fria dos tempos que hão de vir, dessa manhã que teima em nascer sem o brilho integral do sol, sem o cheiro do orvalho depois de uma noite de suave sereno. Sem o avermelhado do sol a se pôr todas as tardes e por fim, sem a expectativa do seu abraço e sua voz frágil a dizer:
Deus te abençoe, meu filho.
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