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  19:26

Estar perto sem estar junto

Mesmo acompanhada, muita gente se sente sozinha

 

Uma das coisas que gosto muito é de observar o comportamento das pessoas que passam por mim, que estão próximas ou que estão no mesmo ambiente que eu. Pela expressão facial e pela postura corporal dá pra ver muito sobre o que lhe povoa a alma; e eu, como estudiosa e apaixonada pela PNL (Programação Neuro Lingüística), aproveito para exercitar meus aprendizados. Pois, muito mais do que imaginamos, o nosso corpo fala por nós. Sem abrir a boca revelamos nossa ansiedade, nosso nervosismo, nossa felicidade, ou mesmo nossa solidão.

 

Ontem, em um restaurante, um casal em particular me chamou a atenção. Eram jovens, bonitos, bem vestidos e chegaram juntos, de mãos dadas. Não demorei muito a perceber que eles não estavam em sintonia. Apenas estavam juntos. Logo ao sentarem-se à mesa, cada um pegou seu celular e começou a se comunicar através dele, não trocavam uma palavra entre si. Quando o garçom veio trazer o menu, eles decidiram juntos o que comeriam e beberiam, mas em seguida voltaram a seus interesses pessoais e particulares, que na verdade, não estavam ali na mesa.

 

O garçom se foi, providenciar os pedidos e ele continuou a mexer no seu andróide, e ela, depois de alguns minutos fazendo a mesma coisa que ele,  levantou os olhos e, distraidamente, começou a olhar em volta, como se procurasse ver alguém, ou alguma coisa. Olhava o celular e depois olhava em volta, até que encontrou alguma coisa interessante (outro jovem), que lhe chamou atenção. Seu companheiro não percebeu nada, olhos e atenção fixos no celular o tempo todo.

 

É o poder da comunicação distanciando os próximos e aproximando os distantes.

 

Ela, entre sorrisos e olhares, passou a se comunicar não mais só virtualmente, mas também presencialmente, mesmo que à distância.

 

Quando seu pedido chegou jantaram em silêncio, ou trocando poucas palavras, sem muita empolgação. Poderiam estar perto um do outro, mas não estavam juntos. Seus corações estavam distantes, eram duas solidões acompanhadas...

 

Isso me fez pensar que mesmo juntos muitas pessoas continuam solitárias. Me fez ficar curiosa, sobre o que levaria um casal tão jovem a continuar num relacionamento frio como aquele, onde estava notório a olhos nus, o desinteresse de um pelo outro. Eu me perguntei se eles já tinham percebido isso, ou ainda não haviam se dado conta disso...

 

E na verdade, se prestarmos atenção, isso está cada vez mais freqüente. As pessoas mesmo acompanhadas, estão sempre buscando alguém, como se aquela que lhe faz companhia não lhe fosse o bastante.

 

Ou seja, mesmo acompanhada, muita gente se sente sozinha.

Por Ana Maria Cunha