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  16:09

Vida de concurseiro

Aos amigos concurseiros segue uma crônica de minha experiência pessoal sobre esta dura vida que é estudar para concursos públicas... Uma hora dá certo!

 Força, concurseiro!! FONTE: Google Imagens

De um concurso público espera-se a estabilidade no trabalho e a segurança financeira. Por isso, uma leva de pessoas enchem os cursinhos preparatórios do país na esperança de saírem de lá seguros para responder uma prova de concurso altamente concorrido, com poucas vagas e um bom salário.

Bem-vindo, leitor, à vida do concurseiro!

O CANDIDATO. São mulheres e homens que procuram melhorar de vida ou, pelo menos, de emprego [...]. Eles e elas dedicam horas vitais em estudo sistemático, aulas específicas, leituras dinâmicas, automotivação, estresse físico, xícaras de cafés, medo de não aprender, apostilas rabiscadas, resolução de exercícios, resumos teóricos, abnegação social, anotações nervosas, dúvidas cruéis, raiva de tanto estudar, refeições instantâneas, concentração total, cálculos na madrugada, cansaço mental, pó de guaraná, fé e tenacidade... A regra é estudar até passar.

Os PREPARATÓRIOS. Os cursinhos da cidade contratam os melhores professores do mercado da educação para atender às expectativas dos candidatos. São tantos preços e pacotes de disciplinas adequados ao concurso a que o aluno pretende aspirar. As salas de aulas dos cursinhos estão cheias, empilhadas de gente de todos os tamanhos, gostos, cores e sabores [...]. O professor é a maior figura sacrossanta dos cursinhos. Ele não se cansa de repetir diuturnamente os mesmos assuntos, conceitos e questões de provas anteriores para os alunos. O professor de cursinho expõe, explica, escreve, orienta, adverte, pergunta, provoca, responde, graceja, palestra, analisa, sugere, calcula, dá espetáculo...

VAGAS, CONCONRRÊNCIA E BANCAS. Não importam para onde é a vaga, se é no Monte Caburaí ou no Arroio Chuí, o concurseiro vai aonde houver chance de aprovação. Concorrente é outra criatura - nada sagrada - que existe no caminho do concurseiro. Ele é tudo: seu inimigo intelectual, o ladrão de sua vaga, o candidato exibido coberto de razão, o maldito primeiro lugar, o obstáculo entre você e a aprovação, o forasteiro preparadíssimo de outra cidade, o dono das melhores apostilas e tempo de cursinho. Já as provas das bancas de concursos apresentam questões com dificuldade que vão do nível médio ao humanamente impossível.

AS REPARTIÇÕES PÚBLICAS. Os órgão e repartições são a mira final dos candidatos ao funcionalismo estatal. A maioria dos concurseiros quer trabalhar em tribunais, na Polícia Federal, na Petrobras e outros órgãos pomposos da statusfera pública. Um site realizou uma pesquisa que perguntava qual o principal motivo para a escolha de um concurso público. As opções eram (1) nível salarial, (2) status social do órgão e (3) realização profissional. O resultado da pesquisa divulgada pelo site foi exatamente a sequência apresentada aqui. Ou seja, os candidatos escolhem primeiro a renda, depois a repartição e por fim seu próprio crescimento profissional [...].

DIA DO CONCURSO. O concurseiro deve lembrar-se de que será testado neste dia nos níveis físico, psicológico e intelectual. No físico terá que resistir sentado a uma prova de 4 ou 5 horas de duração, cabeça baixa, músculos fadigados e sob calor natural ou frio intenso. Seguida aos efeitos físicos virá a descarga psicológica: o sonho da aprovação antes mesmo de começar a prova, o sorriso incômodo do concorrente ao lado, o medo de dar um branco na hora H, o pensamento ruminante sobre as dicas do professor, a ansiedade diante de uma questão fácil, a excitação/hesitação entre duas alternativas quando apenas uma deve ser marcada, a sensação de vitória concretizando-se em cada hora que passa, o medo de errar no preenchimento do gabarito. E finalmente chega o teste de nível intelectual que é manter físico e psicológico sob controle para deixar a cabeça pensar e responder aquela bendita prova de concurso. 

... E no fim da jornada, passados três ou quatro anos de estudo intenso - tempo médio para ser aprovado num concurso concorrido – depois disso virá a conquista merecida, a vitória suada, a APROVAÇÃO. Vale lembrar a regra de ouro da oração do concurseiro: o sofrimento é provisório, a aprovação é para sempre. Aí, depois da aprovação, é continuar rezando e batalhando para ser vitorioso em dois novos dilemas: a nomeação e a posse.

 Boa sorte!

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