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  14:17

Crônica da Polititica Nacional

Chego o tempo de eleição e as novas velhas promessas ressurgem depois de quatro anos na boca dos candidatos e eleitores, mas um dia a gente chega lá... Ou desiste de acreditar!

 FONTE: imagens da internet

Era uma vez uma cidadezinha chamada Campomaiópolis, localizada na Piauilândia, nos Estados Unidos do Brasil.

O município era muito disputado pelas elites políticas da região que desejavam emprego fácil para familiares, cunhãs, funcionários fantasmas e correligionários. Duas grandes famílias com histórico político na cidade lançaram-se mais uma vez às eleições locais. E cada uma delas escolheu o filho caçula para concorrer ao cargo de deputado estadual.

Os dois inexperientes candidatos começaram a juntar dinheiro, muito dinheiro para depois juntar gente, muita gente. Cada candidato reuniu para sua campanha a melhor equipe que a grana do caixa dois pode comprar. Havia um laranja profissional, dois marqueteiros ilusionistas, cinco corruptos experientes, sete empresários canalhas, uns vinte babões oficiais, quatro advogados do diabo, três jornalistas de ficção, uma cartomante trambiqueira, duas putinhas virgens e seis intelectuais vigaristas.

A voz do povo...

Tudo pronto para a campanha começar e os nomes dos candidatos já estavam espalhados por todos os buracos da cidade. Um mundo de pós-verdade invadiu corações, mentes e redes sociais daquele município. Uma parcela da população não ficou atrás de tanta politiquice e começaram os pedidos de "Quero uns sacos de cimento", "Me pague umas contas atrasadas", "Preciso de um dinheirinho", "Me consiga uns exames médicos", "Ajeite um emprego pra mim quando ganhar a eleição". Dia e noite, os plebeus pediam tudo aos dois candidatos; a situação era pior com os patrícios locais, pois eles não pediam, exigiam: "Quando chegar à prefeitura, não esqueça das minhas licitações", "Eu te ofereço a melhor propina da região", "Só aceito cargo de  funcionário-fantasma pro meu neto", "Eu financiei sua campanha, lembre-se disso", "Tenho amigos influentes em todas as esferas do poder".

A hora da mudança...

 Quando menos se esperava, surgiu um terceiro candidato: bom samaritano, probo, inteligente. Nem parecia candidato à política local. E começou a crescer nas pesquisas de intenção de votos. Mas os dois candidatos oligárquicos decidiram unir forças para derrotar o samaritano xereta (acordaram dividir a região entre si após a vitória de um deles na eleição). Assim, depois de unir seu eleitorado e sufocar a campanha do terceiro candidato, um dos clãs políticos ganhou o pleito.

A vida como ela é...

Porém em menos de uma hora, a união (in)conveniente foi desfeita e as duas famílias oligárquicas voltaram a brigar para alocar seus correligionários na coisa pública. Aí foi aquela esculhambação: briga de rua, grito da mulherada, porrada nas fuças, soco no estômago, unhada felina, pontapé no popozão, puxavante de cabelos, coice nos peitos, tapa no pé das oiças, chute naquele lugar... Perto dali quatro marginais sociais assistiam à confusão daqueles cidadãos de bem da cidadezinha.

- Meu Deus, será que ninguém mais tem ética profissional nessa cidade? Desabafa um mendigo.

- Calma aí, eu tenho ética de trabalho: não beijo na boca, afirma uma prostituta.

- E eu não vendo fiado nem me vicio, gaba-se um traficante local.

- Pois é, bem que a política poderia ter um pouco mais de ética no trabalho, finaliza o samaritano derrotado.

(Acredite: esta é uma obra de ficção realista. A total semelhança com a realidade não é mera coincidência)