Essa mania de viajar olhando a estrada, mas com a atenção periférica ligada, me fez ver hoje a paisagem que me acompanhou desde a saída de casa até a chegada ao meu trabalho. O que vejo sempre me leva a reflexões e, desta vez observando algumas árvores vi que elas são exemplo de resiliência, (que é a capacidade que alguns corpos apresentam de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças).

Há poucos dias passei por esta mesma via e lá estavam elas, verdejantes, embaladas pelo vento leve que fazia farfalhar suas folhas verdes, viçosas e brilhantes. Elas eram a materialização do vigor, da alegria e da própria vida. Olhar para elas me dava prazer e despertava dentro de mim um sentimento de harmonia e de esperança, até mesmo pela cor que vestiam no momento.

No entanto, agora, ao passar pela mesma estrada me deparo com uma paisagem totalmente diferente. O céu continua com o mesmo azul intenso, o sol continua com o mesmo brilho forte, mas as árvores, estas nem parecem as mesmas. Estão totalmente ressecadas, cinzentas, sem folhas e quase que sem vida. Como passou rápido o seu vigor! Aliás, como passam rápido, às vezes, algumas coisas boas da vida... No entanto, elas não estão mortas, estão apenas aguardando a hora de se vestirem novamente de verde. Daqui a alguns meses elas voltarão a ser o que eram antes. Elas estão ali, pacientemente esperando esta transformação que virá certamente.

Elas estão ainda, exercitando algumas qualidades, como a paciência de esperar e a humildade de saber que dependem do Criador para lhes revigorar, para lhes fazer reflorescer. Elas estão exercitando a resiliência, pois quando o verão passar, elas voltarão ao normal sem uma reclamação, sem um ressentimento  e sem mágoas. Afinal, elas sabem que a vida é isso. Um ir e vir de estações. E tanto faz elas gostarem ou não, esta é a vida que terão. E não é por isso que deixarão de viver ou de cumprir o seu papel.

Nós também fazemos parte desta imensa obra do Criador. Também somos criaturas suas, e, como tal, dependemos muito da  sua graça. Precisamos, pois, aprender a esperar o tempo Dele. A exemplo destas árvores, vamos nós também aguardar pacientemente a virada do tempo, e mais que isso, vamos conservar nossa essência e, sendo resilientes, voltaremos do “tempo ruim”, bem melhores do que fomos antes.