Com 100% das urnas apuradas, o candidato do MDB, Dr. Pessoa é eleito prefeito de Teresina/PI com 62.31%, cerca 236.339 votos válidos, neste domingo (29) no segundo turno das eleições municipais 2020. Dr. Pessoa enfrentou no primeiro turno, em uma disputa acirrada, o candidato apoiado pelo atual prefeito Firmino FIlho, Kleber Montezuma (PSDB) que obteve apenas.37,69% cerca de 142.941 votos.
Durante toda a campanha eleitoral, Dr. Pessoa vem sendo o favorito entre os eleitores teresinenses, ao contrário de Kleber que pelas pesquisas apresentava números baixo, logo, a candidata do (PSC) Gessy Fonseca ganhou destaque e ficou em terceiro lugar no primeiro turno e optou apoiar Dr. Pessoa neste segundo turno, garantindo a vitória do candidato do MDB. Com a perda de Kleber Montezuma, Firmino Filho encerra o reinado do PSDB no poder de Teresina.
Ao lado de seu vice prefeito, Robert Rios (PSB), o futuro prefeito irá assumir a prefeitura de Teresina no dia 01 de janeiro de 2021.
QUEM É O FUTURO PREFEITO DE TERESINA?
Nascido em Água Branca (PI), Dr. Pessoa tem 74 anos, é filho de agricultores e tem três filhos. Foi alfabetizado apenas aos 15 anos. Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (UNIFESO), RJ. Especializou-se em Cirurgia Geral, Saúde Pública, Administração Hospitalar, Medicina do Trabalho e é titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões do Rio de Janeiro e Mestre em Saúde da Família e foi diretor de diversas unidades de saúde no Rio de Janeiro e no Piauí.
Atualmente é professor na Universidade Federal do Piauí – UFPI e coordenador do Curso de Urgências Médica e Cirúrgicas na UFPI, coordenador de monitores do curso de Urgências Médica e Cirúrgicas na UFPI.
Dr. Pessoa (MDB) foi eleito vereador de Teresina pelo PPS em 2000, 2004 e 2008. Em 2012, já no PSD, voltou a se reeleger para a Câmara Municipal. Em 2014 foi eleito deputado estadual. No entanto, derrotas também fazem parte da trajetória política de Pessoa. Em 1988, perdeu a disputa para a prefeitura de Lagoinha do Piauí e, em 1996, para a prefeitura de Água Branca.
Em 1990 e em 2002, perdeu a eleição para o legislativo estadual. Em 2016, disputou a Prefeitura da capital e foi derrotado pelo atual prefeito. Filiado ao partido Solidariedade, em 2018, disputou o governo estadual contra Wellington Dias e também foi derrotado. Contraditoriamente hoje estão ao mesmo lado na disputa de Teresina.
É válido, no entanto, destacar que Dr. Pessoa teve 39,7% dos votos, no primeiro turno, no pleito de 2016 para a Prefeitura de Teresina e cerca de 20,5% na eleição para governador do Piauí em 2018. Não se trata de um candidato desconhecido da maior parte da população teresinense. Diferente de Kleber Montezuma, pouco conhecido e sem capital político próprio.
O FIM DA GESTÃO PSDB NA CAPITAL
Sabemos que políticas como o Projeto Vila-Bairro, desenvolvido na década de 1990, possibilitaram que o PSDB garantisse um apoio espraiado em todo o município. Além disso, bons indicadores relacionados à educação pública municipal permitiram a população acesso à educação. Também é válido dizer que a oposição tem dificuldades de apresentar um projeto para a cidade que convença o eleitorado teresinense a eleger candidatos de outro partido.
O PSDB ganha eleições na capital piauiense desde 1992. Perdeu o controle da Prefeitura apenas entre meados de 2010 até 2012, quando o então prefeito peessedebista à época, Sílvio Mendes, renunciou para disputar as eleições estaduais em 2010. De 2010 a 2012 ocupou o cargo o então vice-prefeito da capital, Elmano Férrer (à época no PTB e hoje filiado ao PP).
Foram quatro prefeitos tucanos em Teresina: Wall Ferraz (1993-1995), Francisco Gerardo (1995-1996), Firmino Filho (1997-2004 e 2013-2020) e Sílvio Mendes (2005-2010). Wall Ferraz já havia sido prefeito da capital de 1986 a janeiro de 1989, à época pelo PMDB. Isso é importante de ser lembrado, pois a força política do PSDB em Teresina deu-se, em grande medida, pela vinda de Wall Ferraz para o partido.
Com a morte de Ferraz em 1995, Firmino Filho, economista, professor e jovem político do partido, lançou-se como candidato de continuidade do legado de Ferraz em 1996, sendo vitorioso naquele pleito. Firmino Filho, junto com seu partido, não somente deu continuidade ao legado de Ferraz como conseguiu imprimir sua própria marca na política teresinense. Foi eleito prefeito da capital piauiense por quatro vezes.
Nesta eleição, Firmino Filho não poderia mais se colocar como candidato. Precisava, junto com seu partido, fazer o sucessor. No entanto, quem poderia assumir esta condição? Vários nomes foram apresentados, inclusive do ex-prefeito Sílvio Mendes. No entanto, o escolhido foi Kleber Montezuma.
QUEM É KLEBER MONTEZUMA?
Montezuma é economista e professor e, apesar de não ter ocupado cargos eletivos, participou da gestão do PSDB na capital. Deixou o cargo de secretário de Educação para disputar a eleição a prefeito. Antes, já havia ocupado as pastas de Educação e Cultura (2001-2004), Habitação e Urbanismo (1997-2000) e Trabalho e Assistência Social (1993-1996) na Prefeitura.
Candidato de confiança do atual prefeito, Montezuma foi também "abençoado" pelo senador Ciro Nogueira (PP), que indicou o vice para a chapa, o policial militar Eduardo Rodrigues da Silva, conhecido como Sargento R. Silva (PP). A gestão do prefeito Firmino Filho é desaprovada por 53% dos entrevistados e aprovada por 41%, de acordo com a pesquisa do Ibope de 23 de novembro. Com essa baixa avaliação, é difícil viabilizar um candidato de situação, ainda mais alguém sem experiência em disputas eleitorais.
AS PESQUISAS
A pesquisa Ibope/TV Rádio Clube de Teresina, divulgada no último dia 23 de novembro, aponta para uma vitória do candidato emedebista sobre o peessedebista. Na sondagem, 55% dos eleitores mencionam que votariam em Dr. Pessoa (MDB) e 30% em Kleber Montezuma (PSDB). 11% informaram que votarão em branco ou nulo e 4% estão indecisos.
Na contabilização apenas dos votos válidos, que excluem votos em branco, nulos e indecisos, Pessoa teria 65% da intenção de votos contra 35% de Montezuma. No primeiro turno, Dr. Pessoa obteve 34,53% dos votos válidos, enquanto Montezuma apresentou 26,70%. Gessy Fonseca (PSC), que teve 12,1% dos votos válidos, decidiu apoiar Dr. Pessoa e Fábio Novo (PT), , que teve 11,5%, manteve-se neutro.
O RESULTADO INFLUENCIARÁ AS ELEIÇÕES EM 2022?
Historicamente, assim como a nível nacional, PT e PSDB não costumam se alinhar. Não somente isso. Costumam rivalizar disputas eleitorais. A última aliança entre o PSDB e o PT em disputas com grande relevância no estado ocorreu em 1998, quando lançaram uma candidatura conjunta para o governo estadual. No entanto, naquele pleito, já no segundo turno, os dois partidos tomaram posições divergentes.
Em 2002, Wellington Dias (PT) foi eleito pela primeira vez governador em uma disputa contra Hugo Napoleão (PFL) que contou com o apoio de Firmino Filho (PSDB). A partir daquele momento, o PT começou uma trajetória de fortalecimento do partido, o que não significou ganhos políticos na capital. Mesmo Wellington Dias, quando foi candidato a prefeito de Teresina em 2012, obteve apenas 14,2% dos votos válidos.
Em 2018, participaram da mesma coligação PT, PP e MDB. Entretanto, a aliança entre Wellington Dias (PT) e Ciro Nogueira (PP) não parece ter vida longa. Nogueira tem buscado construir alianças para viabilizar sua candidatura de governador em 2022. Com isso, o PP buscou lançar e investir mais fortemente em candidaturas para as prefeituras piauienses. Na capital, assim como em outros municípios, fica claro que o atual governador, Dias e o senador Nogueira, de fato, se colocarão em lados opostos no pleito em 2022, seja na disputa do Governo do Estado, seja para os demais cargos.
Com o PSDB dominante na capital, o PT nunca conseguiu lançar uma candidatura viável eleitoralmente em Teresina. Dr. Pessoa (MDB), no entanto, parece ter conseguido encontrar o caminho. Com isso, o PT tratou de apoiar sua candidatura no segundo turno. A questão que fica é: esse apoio terá vida longa até 2022?
Bianca Viana
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