O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta quinta-feira (21) para o cargo de desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª no Piauí, o advogado Téssio da Silva Torres. Ele defende o empresário Eduardo José Barros Costa, o "Eduardo Imperador", preso na quarta-feira, por ordem judicial, em operação da Polícia Federal no Maranhão.
O Decreto de Bolsonaro com a nomeação foi publicado na edição dessa quinta do "Diário Oficial da União". De acordo com o texto, Téssio Torres será juiz do TRT em Teresina-PI, na vaga de um magistrado que se aposentou.
O novo desembargador do TRT-PI foi escolhido por Bolsonaro com base em uma lista tríplice na vaga do quinto constitucional, regra pela qual 20% das cadeiras em tribunais são reservadas a advogados e promotores.
Téssio da Silva Torres era o terceiro colocado da lista tríplice. O primeiro e o segundo foram os advogados Vicente Resende e Cinéas Nogueira, respectivamente.
Além de advogado, Téssio Torres é cunhado de Eduardo Barros Costa, casado com Larissa Torres, irmã do novo desembargador. Em redes sociais, o advogado compartilhou fotos da irmã e do cunhado.
Como advogado, Torres também representou a Construservice. A empresa foi a segunda que mais firmou contratos com a Codevasf no governo Bolsonaro.
OPERAÇÃO ODOACRO
O empresário Eduardo José Barros Costa - preso nesta quarta-feira (20) em uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga suspeita de desvios na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) - tem 48 anos e é natural da cidade de Dom Pedro, no Maranhão.
A operação Odoacro, da PF, investiga uma suposta organização criminosa suspeita de fraudar contratos, desviar recursos públicos e lavar dinheiro envolvendo verbas federais em contratos firmados com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A empresa apontada pela PF como principal integrante do suposto esquema é a Construservice, que teria Barros Costa como "sócio oculto".
Conhecido como 'Eduardo DP' ou 'Imperador', Eduardo foi candidato a vereador de Dom Pedro pelo PROS (Partido Republicano da Ordem Social) nas eleições de 2016. Ele também é filho da ex-prefeita da cidade, Maria Arlene Barros, que foi presa em 2015 em uma operação que investigou o envolvimento de gestores públicos com esquemas de agiotagem para fraudar licitações em Dom Pedro.
Também em 2015, Eduardo Costa foi preso suspeito de fazer parte de um esquema que desviou R$ 100 milhões de 42 prefeituras do Maranhão. Segundo as investigações, em uma única conta bancária de Eduardo, foram encontrados mais de R$ 5 milhões, que teriam sido transferidos da conta da prefeitura de Dom Pedro, sem nenhuma justificativa ou comprovação de prestação de serviços.
No mesmo ano, Eduardo Costa foi preso novamente em uma operação de combate à agiotagem e à corrupção na cidade de Bacabal. Na época, cerca de R$ 4,5 milhões foram desviados da prefeitura de da cidade para esquemas de agiotagem.
Ele também já foi acusado de usar documentos falsos e ter duas certidões de nascimento, três registros de CPF, dois registros de identidade e dois títulos de eleitor para abrir várias contas e empresas com o objetivo de lavar dinheiro.
A Codevasf foi entregue pelo presidente Bolsonaro ao Centrão, grupo coordenado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), em troca de apoio político no Congresso.
Da Redação
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