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  10:30

Oposição acelera plano para destituir Maduro após decisão do Supremo

A bancada opositora, que prometeu no começo do ano que anunciaria ao país em cerca de seis meses uma solução "constitucional" para antecipar o fim do governo de Maduro, disse hoje que esse tempo "é longo demais".

 

A oposição política na Venezuela reagiu nesta sexta-feira à decisão do Supremo do país de validar a emergência econômica lançada pelo chefe de Estado, Nicolás Maduro, e que foi rejeitada pelo parlamento, que é controlado pelos opositores, anunciando que acelerará o plano para a "saída" deste governo antes do término de seu mandato. A bancada opositora, que prometeu no começo do ano que anunciaria ao país em cerca de seis meses uma solução "constitucional" para antecipar o fim do governo de Maduro, disse hoje que esse tempo "é longo demais".

 

O presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Henry Ramos Allup, fez esse anúncio durante uma entrevista coletiva convocada expressamente para rejeitar a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que chamou de "inconstitucional", pois passou por cima do parlamento. "Nos próximos dias, teremos que oferecer uma proposta concreta para a saída desta desgraça nacional que é o governo de Nicolás Maduro", disse o deputado.

 

Além disso, Ramos Allup afirmou que denunciará em órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) a decisão divulgada ontem pelo TSJ que deixa sem efeito o que foi determinado na Assembleia. Com esse decreto de emergência econômica, o governo poderá dispor de recursos sem controle do parlamento, assim como de bens e mercadorias de empresas privadas para garantir o abastecimento, além de restringir o sistema monetário e o acesso à moeda local e estrangeira, tudo isso durante 60 dias "prorrogáveis".

 

Hoje, Maduro disse durante um ato que a "emergência econômica" que decretou e foi validada pelo TSJ durará todo o ano de 2016 e parte de 2017, porque "é preciso recuperar o país por completo" e "refazer todo o sistema produtivo, de distribuição, de comercialização e de fixação de preços de todos os produtos". "O que acontece agora que o TSJ diz que o decreto está vigente? bom, que agora o governo não terá mais desculpas", disse Ramos Allup ao assinalar que o Executivo não poderá usar como desculpa para não resolver os problemas econômicos do país a rejeição do parlamento à declaração de emergência.

 

"Vamos ver se, com o conteúdo desse decreto, as filas e o desabastecimento de remédios e alimentos vão acabar, ou se isso será agravado. Vejamos se vai diminuir ou aumentar a insegurança. Mas, sobretudo, vejamos se esse decreto trôpego é capaz de resolver o problema de instabilidade de um governo", disse o deputado. Ramos Allup esclareceu que, apesar da última decisão do Supremo, o parlamento não cederá em nenhuma de suas faculdades constitucionais "mesmo com o risco" de o TSJ tentar "sustentar de forma agonizante um governo que já não pode se sustentar". O deputado também disse ter certeza que "o governo está fazendo o possível para que sofra um golpe" de Estado porque esta seria "a única justificativa histórica" que teria, "depois do fracasso monumental da chamada revolução bolivariana".

 

Além disso, Ramos Allup disse que "não é nenhum segredo" que "há um movimento cada vez mais forte e crescente" dentro do próprio governo de "fatores muito influentes" que pedem a Maduro "que renuncie". Por sua vez, o duas vezes candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, também reiterou hoje que é a hora de convocar um referendo para revogar o mandato de Maduro, que, segundo ele, "está destruindo a Venezuela".

 

Além disso, Capriles comentou que, com a decisão do Supremo, supostamente se confirma que "o Poder Judiciário não responde aos interesses dos venezuelanos, mas aos de um partido político", o do governo. Os deputados opositores convocaram seus simpatizantes para um ato de rua neste sábado chamado "Defendamos juntos a mudança que a Venezuela quer" para apoiar as decisões do parlamento e apresentar possíveis planos que levem ao encurtamento do mandato de Maduro.

 

O decreto de emergência econômica foi rejeitado no dia 22 de janeiro no parlamento com 107 votos da oposição frente a 53 governistas que votaram a favor, depois que a comissão especial designada para avaliar o conteúdo do decreto de exceção recomendou sua desaprovação.

 

Fonte: UOL

Por Helder Felipe

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