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  11:11

Comunidades rurais de Milton Brandão (PI) vivem isolamento após fortes chuvas; situação é destaque no Clube Rural

 

O município de Milton Brandão localizado no norte do estado foi destaque em uma reportagem do Clube Rural apresentada na manhã deste domingo (10). A equipe de reportagem do jornal esteve em comunidades rurais para mostrar a situação dos moradores que ficaram isolados por causa das chuvas.

Essa situação que vêm causando transtornos a população  ja havia sido retratada pelo Em Foco, em um vídeo onde é possível vê estudantes da região atravessando um rio com correnteza usando apenas uma corda para chegar à escola

Ainda não dá para calcular os prejuízos, mas por aqui quase todas as famílias que vivem nas comunidades próximas ao rio Corrente dependem das lavouras para ter comida na mesa. O Adriano teme perder o feijão que plantou no começo deste ano.

"O medo é que a roça é bem aqui mesmo, ao lado, bem aí. Se o rio encher aqui, ele dá uma borda dentro dela aí, passa um dia, passa dois, aí é perdido o milho e o feijão. Tem hora que a gente precisa vim pro serviço, aí o rio não deixa passar. Tem hora que um menino precisa ir pra escola, o rio não dá passagem. Aí a gente fica com aquela preocupação. Porque hoje a gente depende da lavoura da roça, né? Aí se o cabra ficar um dia, dois, sem trabalhar, a noite que der a lavoura, fica ruim pra sobreviver. Se nós não fizermos o pão de cada dia, como é que nós vivemos? " , relatou um dos moradores da região, Adriano.

O medo das 10 famílias que vivem nas comunidades de Oitis e Canabrava, aqui no município , aumenta a cada novo episódio de chuva. Em 24 horas, o nível das águas do rio Corrente avançou o suficiente para cobrir até o joelho, onde até ontem dava para passar em terra seca.

E é exatamente assim, com a água acima dos joelhos, que os pais do Gael, de três anos, arriscam passar por esse caminho, o único que existe para os moradores. Na semana passada.

"O meu vizinho me ajudou a passar o menino, mas eu passei ele. Com muita força Ah, estava muito cheio mesmo. Em cima da cola aqui, ó. Muita força, mas eu passei ele", relatou pai de Gael para realizar a travessia com o menino.

"Eu já vinha com muito medo, que ele, às vezes, já deu febre com convulsão. Do jeito que a gente já tinha pegado chuva, eu estava com medo dele dar febre e apresentar. Mas, graças a Deus, não. Mas foi o jeito nosso passar com ele amarrado, daquele jeito que todo mundo viu... Nossa, aí eu passei e fiquei lá esperando, mas chorando muito, chorando muito. Porque não é fácil ver seu filho amarrado do jeito que ele passou. E o coração palpitando só pensa coisas ruins, né? Mas graças a Deus deu certo", relatou a mãe de Gael.

A Rita teme os riscos dessa travessia. Ela decidiu que enquanto as águas não baixarem, o filho não poderá ir para a escola.

"Só o mais velho tá indo, porque ele já é maior e quando vem já dá pra passar, às vezes, caminhando... A segunda semana de aula não foi nenhum dia. A gente pede encarecidamente que o gestor que está no comando possa também ver o lado da gente aqui, nosso sofrimento. A gente pede que ele, mesmo que ele não faça uma ponte, mas pelo menos ele faça uma passagem que dê de passar as pessoas, os pedrestres, não precisa ser aquelas coisonas, mas pelo menos uma que dê de passar, porque as crianças estão faltando lá assim, não é bom" pediu Rita sobre a situação das crianças.

Cansado de cobrar por melhorias, Adriano faz um desabafo.

"Porque o carro não passa. Aí eu tenho duas crianças pequenas, não passou hoje porque o carro só vai até certo lugar aí e volta... Enche aí pra gente ir pra corda. Aí desse jeito aqui a gente passa com ele no ombro, na cacunda, no braço... Se ele der água na cintura, aqui não tem quem passa em pé. Se ele passar, qual o risco de morrer todo mundo?".

O prefeito do município ainda não se manifestou sobre a construção da ponte da comunidade Oitis. Sobre as aulas e a distância que os alunos têm que percorrer para chegar à escola, o secretário municipal de educação Lisandro Gonçalves informou que a recomendação é que os alunos não façam a travessia do rio quando estiver cheio e que as tarefas e atividades são enviadas para os pais.

Fonte: Clube Rural

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