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  16:28

Atenção: mpox volta a ser declarada como emergência de saúde mundial

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu declarar a mpox como uma emergência de saúde mundial em reunião extraordinária nesta quarta-feira (14/8).

A alta de casos global, mas em especial na África Oriental e Central, e o aumento das evidências de uma maior letalidade da doença foram consideradas determinantes para a decisão de reclassificar a doença.

Anteriormente chamada de varíola dos macacos, a mpox foi declarada como surto global em 2022, mas foi controlada rapidamente e saiu da lista de emergências em 2023. A nova cepa em circulação, a variante Clade 1b, porém, pode ser mais desafiadora para as estratégias de imunização: ela é mais contagiosa e até 10 vezes mais letal do que a que circulou há dois anos, a Clade 2.

O Comitê de Emergência da OMS que determinou a reclassificação da mpox, considerou o risco de aumento de casos da doença no continente africano e as chances de espalhamento da doença por outros continentes.

“Mpox é conhecida no Congo há mais de 10 anos, mas no último ano e neste ano, os casos viveram uma explosão que extrapolou todos os os recordes. Isso é algo que deve nos preocupar a todos e por isso declaramos que essa doença é uma emergência internacional, um perigo global. Este é o nosso mais alto nível de atenção”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Com a decisão dos especialistas, a OMS passa a trabalhar na produção de um Regulamento Sanitário Internacional para tentar controlar a transmissão da doença. O organismo internacional também convocou na segunda-feira (12/8) um chamado para que farmacêuticas submetam pedidos de análise para o uso emergencial das doses de vacina contra o vírus.

Os imunizantes usados em 2022 foram feitos rapidamente a partir de versões modificadas da vacina usada contra a transmissão da varíola comum.

A OMS acredita que cerca de um milhão de doses podem ser produzidas ainda este ano e em 2025 eles estimam que serão produzidas 10 milhões de doses, mas este número ainda é insuficiente. Por isso, a organização pediu que países que ainda tenham doses guardadas do surto de 2022 as doem às nações que estão vivendo o surto.

“Estamos em contato com farmacêuticas e laboratórios e acreditamos que até o final desta semana teremos uma nova vacina em proposta de regulamentação e na semana que vem, mais uma. Estamos tentando aumentar as ofertas de vacina globalmente, mas este ainda é um grande desafio”, completou o diretor para os assuntos de regulação e pré-qualificação da entidade, Rogério Pinto de Sá Gaspar.

Nova variante da mpox pode ter transmissão sexual

A comunidade científica vinha alertando desde abril deste ano sobre os riscos da doença. Um trabalho publicado em abril de 2024 relatou que 29% dos casos foram registrados entre pessoas que trabalhavam com sexo, o que pode explicar a disseminação da doença rapidamente na região de minas de extração de ouro, onde prostitutas são frequentes.

Entretanto, ainda não se sabe exatamente em que circunstâncias a transmissão ocorre: se seria nos fluidos corporais ou apenas no contato com a pele. Por isso, a responsável pela resposta da OMS a emergências sanitárias, a epidemiologista Maria Van Kerkhove, cobrou mais pesquisas sobre a doença.

“Precisamos entender melhor a mpox, como ela se transmite e como afeta o corpo. Temos que entender como o contato pode se dar, de que forma a relação sexual pode levar à contaminação — tudo isso segue sendo um mistério. A gente pode controlar a transmissão da mpox globalmente, já o fizemos, mas é preciso atuar de forma integrada e planejada para usar as poucas vacinas que temos de forma inteligente e previnir a transmissão”, explicou a epidemiologista.

Outro desafio é aumentar a quantidade de exames e diagnósticos, já que há uma grande diferença entre casos suspeitos e diagnosticados e muitas pessoas esperam semanas até passar por testes e biópsias. Também é baixa a oferta de exames que possam identificar a variante mais recente, o que ajudaria a entender melhor a nova forma da mpox.

“Não temos ferramentas o bastante para testar todos os casos suspeitos. Muitas pessoas infectadas estão no interior do país, longe dos centros de testes, e isso dificulta uma resposta mais rápida”, afirma o cientista Dimie Ogoina, nigeriano que diagnosticou o primeiro caso de mpox no surto de 2022.

Na terça-feira (13/8), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) declarou o cenário de mpox na região como emergência em saúde e de segurança continental. O anúncio foi feito pelo diretor-geral da entidade, Jean Kaseya, ao citar a rápida transmissão da doença na África.

 O que é a mpox e quem deve se preocupar mais?

A mpox é uma doença causada pelo vírus monkeypox, que pertence ao mesmo grupo de vírus da varíola. Os primeiros sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas. Em seguida, aparecem inchaço nos linfonodos e bolinhas pelo corpo, principalmente no rosto, mãos e pés. A doença evolui para a formação de crostas na pele.

Ao observar casos da República Democrática do Congo (RDC), onde começou o novo surto, os pesquisadores da OMS elaboraram uma lista das pessoas sob maior risco de ter casos severos de mpox. Pessoas com HIV são a população que mais frequentemente morreu por conta da doença.

Além disso, crianças também parecem ter uma tendência maior às formas mais graves da condição, especialmente aquelas com menos de cinco anos de vida.

Fonte: Metrópoles

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