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  15:49

Dólar bate R$ 6,30, mas recua após leilão do BC; cenário fiscal ainda está no radar

 Foto: Reproduções

O dólar passou a operar em queda após um leilão de venda da moeda realizado pelo Banco Central do Brasil (BC) para conter a desvalorização do real, mas com o cenário fiscal ainda no radar. A moeda chegou a bater o recorde de R$ 6,30 por volta das 10h10.

O BC anunciou um segundo leilão de US$ 5 bilhões para as 10h35.

O foco do mercado segue no cenário fiscal. Nesta quarta-feira, relator de um dos projetos do pacote de corte de gastos do governo federal na Câmara dos Deputados apresentou seus pareceres para que os textos sejam votados na Casa.

O problema é que houve uma "desidratação" de algumas medidas — ou seja, amenizou alguns pontos no texto que podem resultar em uma contenção das despesas públicas menor que o esperado.

Investidores acompanham de perto o desenrolar das propostas que compõem o pacote de corte de gastos e há um temor de que as medidas anunciadas não sejam suficientes para equilibrar as contas públicas e conter o avanço das despesas do governo.

Há expectativas de que mais medidas do pacote sejam votadas nesta quinta.

Além do cenário fiscal, o mercado repercute, também, o relatório de inflação do BC. A instituição admitiu oficialmente que a meta de inflação, em 2024, será descumprida novamente, pelo terceiro ano seguido.

A meta para 2024 era de 3% e poderia oscilar entre 1,50% e 4,50% para ser considerada formalmente cumprida.

Dólar

Às 10h30, o dólar caía 0,21%, cotado a R$ 6,2540. Na máxima do dia, porém, chegou a R$ 6,3000. 

Na véspera, a moeda norte-americana subiu 2,82%, cotada a R$ 6,2672.
Com o resultado, acumulou:
•ganhos de 3,85% na semana;
•alta de 4,44% no mês;
•avanço de 29,15% no ano.

bovespa

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,28%, aos 121.107.

Na véspera, o índice caiu 3,15%, aos 120.772 pontos.
Com o resultado, acumulou:
•queda de 3,08% na semana;
•perda de 3,90% no mês;
•recuo de 10% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

O pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal continua andando no Congresso. A ideia é economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030.

O relator de um dos projetos do pacote de corte de gastos enviado pelo governo, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), apresentou nesta quarta-feira (18) seu parecer e manteve o limite proposto pelo governo na alta do salário mínimo. A proposta seria votada na noite desta quarta, mas, por risco de falta de quórum, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a votação para a manhã da quinta.

Em seu parecer, o relator também amenizou regras inicialmente previstas pelos governo na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e excluiu mudanças no reajuste do Fundo Constitucional do Distrito Federal.

Na prática, as mudanças desidrataram o texto enviado pelo governo e vão afetar o efeito do corte.
Na terça-feira, as primeiras medidas foram aprovadas pelos parlamentares: a Câmara dos Deputados aprovou o texto que proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas tiverem um desempenho negativo.

Além disso, quando o governo registrar déficit primário (situação em que as despesas são maiores que o dinheiro arrecadado), a proposta aprovada ativa um "gatilho" que limita o aumento de gastos do governo com pessoal.

O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.

Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico consolidaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.

O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.

Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.

Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.

Os aliados de Haddad acreditam que a aprovação do pacote já enviado ao Congresso vai ajudar a acalmar os ânimos dos investidores, mas as medidas não serão suficientes para derrubar o dólar.

Fonte: G1

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