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O brasileiro Wendel Lourenço, que fazia parte do grupo de 88 brasileiros deportado dos Estados Unidos no último fim de semana, disse que foi algemado e teve dificuldade para respirar dentro do avião.
"Cheguei algemado, bem mal. Avião dando problema, quase morrendo sufocado porque não tinha ar-condicionado. Todo mundo começou a passar mal", afirmou ele à TV Anhanguera, afiliada da Globo.
Segundo a Polícia Federal, o uso de algemas e correntes é um procedimento padrão da imigração americana em voos com deportados, exatamente como o que chegou ao Brasil na última sexta-feira (24), porém, eles não poderiam ter desembarcado acorrentados porque não são prisioneiros.
O voo tinha como destino final Belo Horizonte e parou em Manaus apenas para abastecer, mas a reclamação dos deportados em relação à falta de ar-condicionado gerou um desentendimento com a tripulação, e os passageiros foram retirados da aeronave com algemas e correntes.
Então, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada das correntes e solicitou que eles fossem levados a Belo Horizonte em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Esse foi o primeiro voo com deportados vindo para o Brasil no novo governo de Donald Trump, mas o segundo de 2025. Eles fazem parte de um acordo bilateral sobre deportação assinado pelos Estados Unidos e Brasil, em 2018 e que continua em vigor.
O objetivo, segundo o Itamaraty, é abreviar o tempo de permanência de brasileiros presos por imigração irregular em centros de detenção americanos.
Wendel chegou em Goiânia na madrugada desta segunda-feira (27). O goiano viveu no estado de Connecticut, nos Estados Unidos, por mais de seis anos, trabalhando com manutenção de piso de madeira. Ele contou que havia retornado para o Brasil em 2022 e voltou para os EUA no ano passado para ver os filhos e os netos que deixou lá.
Em nota, o governo federal declarou que considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas e que o uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os Estado Unidos, que prevê um tratamento digno, respeitoso e humano de todos repatriados.
Segundo Wendel, ele ficou preso por cinco meses e cinco dias antes de ser deportado. “Falei para juíza, no dia que fui na Corte: a senhora não tem coragem de dar a comida que comemos aqui para o cachorro da senhora. Os guardas gritam o tempo todo, com homem, com mulher”, relatou.
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