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  06:49

OPINIÃO - Por que a intolerância Religiosa no Brasil realmente precisar ser discutida?

"Vivemos em um país com dimensões continentais e com uma cultura muito rica, por conta das diversidades religiosas, culturais e políticas. Isso faria do Brasil um lugar que, ao menos na teoria, as pessoas respeitassem as crenças uns dos outros. Na realidade, todos nós sabemos que nossa nação é um enorme palco de intolerância!"

 Papa Francisco cumprimenta o secretário-geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge.

Um tema muito atual e que precisa ser bastante debatido em nossa sociedade. Assim caracterizo o tema da redação do Enem 2016 (Exame Nacional do Ensino Médio): “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

 

Vivemos em um país com dimensões continentais e com uma cultura muito rica, por conta das diversidades religiosas, culturais e políticas. Isso faria do Brasil um lugar que, ao menos na teoria, as pessoas respeitassem as crenças uns dos outros.  Na realidade, todos nós sabemos que nossa nação é um enorme palco de intolerância!

 

Como esquecer do pastor da Igreja Universal que chutou uma Imagem de Nossa Senhora Aparecida, ao vivo, pela tv? Como não lembrar das pesadas críticas nas redes sociais fazendo referência a uma suposta aparição de Nossa Senhora, em Campo Maior? Como fechar os olhos para as perseguições feitas a padres, bispos, pastores, testemunhas de Jeová, apenas por que certas pessoas não aceitam os posicionamentos e posturas? Como se calar ao se referir as religiões afrodescendentes, tão discriminadas?

 

Devíamos ser referência para o mundo, mas não somos!

 

O pior de tudo é que é grande o “rol de intolerâncias”, ou seja, ela (intolerância) não é exclusiva para questões religiosas, mas também quando falamos de sexualidade, posicionamento político.. e por aí vai! Refleti bastante sobre esse tema quando falavam de uma aparição de Maria em Campo Maior, e por isso, fui chamado de intolerante!

 

Mas afinal, o que é intolerância? O que é ser tolerante?

É apenas saber ouvir? É apenas respeitar a opinião do outro?

 

Por providência divina, ou não, recebi ontem em minha casa um jovem evangélico que me fez vários questionamentos sobre a igreja que eu frequento (Igreja Católica). Ele me perguntou sobre as imagens de gesso, dizendo que nós católicos adoramos imagens, que nós adoramos a Maria e os santos.

 

 

Na conversa, expliquei para ele a diferença entre “adoração” e “veneração”. Católicos adoram apenas a Deus! O ato de venerar é: respeitar, lembrar e tomar como exemplo o modelo de vida de pessoas que aqui na Terra foram fiéis a Deus e seguiram o Seu projeto de vida.

 

Eu apenas aceitei conversar por que ele se mostrou aberto ao diálogo. E sob esta ótica, reflitamos sobre estes questionamentos:

Vale a pena discutir com alguém que não está disposto a ouvir?

Vale a tentativa de falar com uma pessoa que não está aberta ao diálogo?

É possível realmente estabelecer uma troca de pensamentos e experiências com alguém que diz que sua crença é falsa, imoral, demoníaca?

 

Eu acho que não! Não vale a pena “brigar” por religião!

 

Foi feliz na redação do Enem 2016 quem lembrou da viagem do Papa Francisco nesta semana (01/11/16) para a Suécia, onde ele participou da Comemoração Conjunta Luterano-Católica nos 500 anos da Reforma Protestante, que se celebram em 2017. Na oportunidade, o Santo Padre assinou uma declaração conjunta com os Luteranos e disse: “Enquanto estamos profundamente agradecidos pelos dons espirituais e teológicos que recebemos pela Reforma, nós também confessamos e lamentamos perante Cristo que Luteranos e Católicos feriram a unidade visível da Igreja. As diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e a religião foi instrumentalizada para fins políticos”.

 

É preciso muito cuidado para não usarmos nossas crenças para fins políticos, por que para nós, cristãos, sendo católico, batista, testemunha de Jeová e etc’s,  como disse o Papa Francisco: “O que nos une é maior do que o que nos divide”.

 

Devemos sempre ser abertos ao diálogo e respeitar a diferença. Só assim promoveremos a prática da tolerância.

Por Helder Felipe

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